Gestoras Ajustam Estratégias com “Tarifaço” e Apostam em Real Forte e Selic Menos Agressiva

Gestoras Ajustam Estratégias com “Tarifaço” e Apostam em Real Forte e Selic Menos Agressiva

Diante do avanço de barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos e da incerteza fiscal crescente no Brasil, grandes gestoras brasileiras vêm ajustando suas carteiras e adotando uma postura mais cautelosa. Casas como Ibiúna, Legacy, Genoa, Adam e Vinland projetam um real valorizado e uma trajetória mais contida da taxa Selic do que o mercado precifica atualmente.

Real Forte Mesmo com Saída de Dólares

Mesmo após uma saída líquida de US$ 7,5 bilhões no mercado de câmbio à vista em março, a Adam Capital apontou que o real apresentou uma valorização efetiva de 4,7%, uma das melhores performances entre moedas globais no período.

A gestora interpreta que o Banco Central brasileiro não deverá acompanhar todas as altas de juros que o mercado espera, em razão da pressão fiscal e do peso crescente da dívida pública.

Impacto do “Tarifaço” de Trump Pode Ser Desinflacionário para o Brasil

O choque tarifário promovido pelos EUA, embora inicialmente interpretado como inflacionário globalmente, pode ter efeitos desinflacionários para o Brasil, segundo avaliação da Genoa. A gestora acredita que, com a queda nos preços das commodities, o impacto no câmbio local pode ser limitado, permitindo menor pressão inflacionária.

A casa reduziu suas posições compradas em dólar e manteve alocações no mercado de juros local, apostando que o Banco Central brasileiro poderá adotar uma postura mais branda na condução da Selic.

Selic Não Deve Chegar a 15% em 2025, Apostas Ficam Mais Contidas

Mesmo com a manutenção de juros elevados por mais tempo sendo uma possibilidade, gestoras como a Ibiúna estão reduzindo posições tomadas em juros nominais, optando por posturas mais neutras ou defensivas, diante dos desequilíbrios fiscais internos e da incerteza externa.

A Legacy, por outro lado, mantém posição vendida em dólar, apostando na valorização de moedas emergentes e na desaceleração da economia global gerada pelo tarifaço. Essa desaceleração, segundo a casa, pode pressionar a inflação nos EUA e influenciar uma reversão no ciclo de juros do Federal Reserve, embora essa mudança de postura dependa de sinais claros de enfraquecimento do mercado de trabalho americano.

Vinland Mantém Apostas em Juros Locais, Mas com Cautela

A Vinland segue com posições aplicadas em juros locais (aposta na queda da Selic), porém com postura cautelosa. A gestora está atenta à volatilidade dos ativos de risco e à falta de clareza sobre a política tarifária norte-americana.

Para abril, a casa foca em operações táticas, após o aumento do prêmio na taxa terminal da Selic observado no mês anterior. A ideia é aproveitar pontos de entrada pontuais conforme os dados de inflação e atividade econômica forem atualizados.


Resumo das Estratégias das Gestoras

GestoraMoedaJurosEstratégia
Adam CapitalRedução em dólarPostura neutraReal forte, Selic mais contida
GenoaRedução em dólarAplicada em jurosTarifaço como desinflacionário
IbiúnaNeutraRedução em juros nominaisPostura defensiva por incerteza fiscal
LegacyVendida em dólarAplicada em jurosAposta em desaceleração global
VinlandSem destaqueAplicada em jurosEstratégia tática e cautelosa

A movimentação das gestoras sinaliza um consenso: não há espaço para exageros nas apostas de alta da Selic, e o real pode continuar surpreendendo positivamente. Para o investidor, o momento é de atenção redobrada ao cenário global e à evolução das políticas monetária e fiscal brasileiras.

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