Por que os Advogados Continuam Usando ChatGPT Mesmo Após Erros com IA? Entenda os Riscos, Benefícios e Tendências

Por que os Advogados Continuam Usando ChatGPT Mesmo Após Erros com IA? Entenda os Riscos, Benefícios e Tendências

O uso do Chatgpt e ainteligência artificial (IA) no setor jurídico vem crescendo rapidamente, mesmo diante de casos problemáticos envolvendo “alucinações” geradas por ferramentas como o ChatGPT. Apesar dos riscos, muitos profissionais da área continuam recorrendo a essas tecnologias. Mas por que isso acontece? O que está levando advogados experientes a confiar em sistemas que, por vezes, inventam jurisprudência?

A Realidade do Uso de IA no Direito: Eficiência x Risco

O principal atrativo da IA para advogados é a economia de tempo. Ferramentas como ChatGPT, Westlaw AI e LexisNexis Pro oferecem agilidade na análise de documentos, elaboração de rascunhos e pesquisas jurídicas. Em um ambiente onde prazos são apertados e os processos são cada vez mais complexos, a IA se torna um apoio valioso — apesar de não ser infalível.

Levantamento da Thomson Reuters, publicado em 2024, revelou que:

  • 63% dos advogados entrevistados já utilizaram IA em algum momento.
  • 12% fazem uso regular de ferramentas de IA no cotidiano.
  • As principais aplicações incluem:
    • Resumos de jurisprudência
    • Pesquisa de estatutos e modelos jurídicos
    • Escrita preliminar de petições e pareceres

No entanto, erros causados por IAs gerativas, como “alucinações” jurídicas — quando a IA inventa decisões que nunca existiram — já levaram advogados a sanções e multas, como no emblemático caso de 2023 envolvendo um processo de aviação nos EUA.

Casos Reais de Problemas com IA na Advocacia

Um dos episódios mais recentes ocorreu com os defensores do jornalista Tim Burke, que utilizaram IA para escrever uma moção com erros graves de jurisprudência. A juíza Kathryn Kimball Mizelle encontrou nove citações falsas no documento, o que levou à retirada da moção do processo. Os advogados assumiram a responsabilidade e citaram o uso do ChatGPT Pro e de ferramentas da Westlaw como origem dos equívocos.

Outro exemplo ocorreu com Mark Rasch, que reconheceu ter usado o recurso “Deep Research” do ChatGPT, resultando em erros nas fontes jurídicas apresentadas. Em outro caso, uma equipe jurídica usou a IA Claude, da Anthropic, e inseriu em uma petição uma citação com título e autoria incorretos.

Esses erros evidenciam o risco de confiar cegamente em modelos de linguagem. A confiança excessiva pode ser perigosa quando não há verificação humana adequada.

Como os Advogados Estão Lidando com os Problemas

Apesar dos incidentes, especialistas como Andrew Perlman, reitor da Faculdade de Direito da Universidade de Suffolk, acreditam que o uso de IA pode complementar — e não substituir — o trabalho jurídico. Segundo ele, a IA pode ajudar em:

  • Leitura e análise de grandes volumes de documentos
  • Geração de ideias e contra-argumentos
  • Revisão de documentos técnicos

Contudo, ele alerta que os advogados devem revisar cuidadosamente todas as informações geradas e não tratar a IA como uma fonte infalível. Perlman afirma: “A IA deve servir para potencializar o trabalho jurídico, não para substituí-lo.”

Boas Práticas no Uso de IA por Advogados

Para mitigar os riscos de erros e alucinações, advogados estão adotando boas práticas, como:

  • Verificação manual das citações: como se faz com qualquer estagiário ou associado júnior.
  • Uso combinado de ferramentas: por exemplo, ChatGPT Pro aliado à Westlaw e LexisNexis.
  • Treinamento sobre o funcionamento de LLMs (modelos de linguagem de grande porte), para entender seus limites.
  • Evitar inserir informações confidenciais diretamente nas IAs, para preservar o sigilo profissional.

Inclusive, a American Bar Association (ABA) emitiu, em 2024, orientações formais para o uso ético e responsável de IAs no campo jurídico. A organização recomenda que advogados adquiram conhecimento técnico mínimo sobre essas ferramentas e informem seus clientes sobre o uso das mesmas, sempre que houver risco à confidencialidade.

Por que os Advogados Continuam Usando ChatGPT Mesmo Após Erros com IA? Entenda os Riscos, Benefícios e Tendências
Por que os Advogados Continuam Usando ChatGPT Mesmo Após Erros com IA? Entenda os Riscos, Benefícios e Tendências

O Futuro da Advocacia com Inteligência Artificial

O advogado e deputado estadual Alexander Kolodin, do Arizona, vê o ChatGPT como um “associado júnior”, útil para rascunhos e pesquisas preliminares. Ele inclusive incorporou trechos gerados por IA em um projeto de lei sobre deepfakes aprovado em 2024. Para ele, o segredo está na supervisão: verificar cada citação e não confiar cegamente nas respostas geradas.

Com o avanço das tecnologias e a integração crescente das IAs em bancos de dados jurídicos, é provável que o uso de IA se torne tão comum quanto o uso de computadores e e-mails nas últimas décadas. A grande diferença estará na capacidade dos profissionais em lidar com os riscos e aproveitar os benefícios com responsabilidade.

Como afirmou Perlman: “Em breve, a discussão não será sobre advogados que usam IA, mas sobre os que não usam.”


Perguntas Frequentes sobre o Uso de IA por Advogados

1. Por que advogados ainda usam o ChatGPT mesmo com os riscos?
Porque a ferramenta economiza tempo e oferece suporte útil na pesquisa jurídica, desde que o conteúdo gerado seja devidamente verificado.

2. O que são “alucinações” em IA jurídica?
São erros em que a IA cria jurisprudências ou citações jurídicas inexistentes, confundindo o usuário se não houver verificação.

3. O uso do ChatGPT pode levar à punição legal?
Sim, se um advogado apresentar documentos com informações falsas geradas por IA sem checagem, ele pode ser sancionado ou multado.

4. Qual a orientação oficial sobre o uso de IA por advogados?
A American Bar Association recomenda que os advogados entendam os riscos das IAs, verifiquem a precisão das informações e protejam dados sensíveis.

5. Quais ferramentas de IA jurídica são mais utilizadas?
Além do ChatGPT, destacam-se Westlaw AI, LexisNexis AI e Claude (Anthropic), todas com recursos específicos para pesquisa e análise jurídica.

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