Juros podem subir novamente: mercado revê apostas sobre a Selic após sinal conservador do Banco Central

Juros podem subir novamente: mercado revê apostas sobre a Selic após sinal conservador do Banco Central

A expectativa de estabilidade na taxa Selic em junho de 2025 perdeu força nos últimos dias. Investidores agora veem maior probabilidade de um novo aumento nos juros, após discursos recentes de membros do Banco Central com tom mais cauteloso. A possível alta de 0,25 ponto percentual reacendeu os temores do mercado sobre o controle da inflação e provocou forte movimento de alta nos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI), que refletem as expectativas futuras da política monetária.

Mercado ajusta projeções e já considera Selic acima de 15% em 2025

Na quinta-feira (5), os contratos de DI mostraram um movimento expressivo. O contrato com vencimento em janeiro de 2026 subiu para 14,9%, ante 14,82% no dia anterior. Para janeiro de 2027, a taxa avançou de 14,212% para 14,36%. Já os contratos mais longos, como os de 2031 e 2033, também registraram alta, chegando a 13,91% e 13,95%, respectivamente.

Esse comportamento reflete a mudança de posicionamento dos investidores, que passaram a precificar uma possível elevação da taxa Selic, hoje em 14,75% ao ano. A reviravolta nas apostas teve início após declarações do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que afirmou que o Comitê de Política Monetária (Copom) ainda discute novos aumentos, e não cortes.

O que provocou a mudança nas expectativas

Segundo a analista Lais Costa, da Empiricus Research, o sentimento entre os profissionais do mercado financeiro mudou de forma significativa nos últimos dias. A percepção é de que o BC pode optar por uma postura ainda mais conservadora, dada a resiliência da inflação e o cenário fiscal incerto.

Além disso, operadores de grandes bancos relatam desconforto com o tom dos discursos das autoridades monetárias nas reuniões privadas. Essa insatisfação tem reforçado a migração das apostas do cenário de manutenção para o de alta de 25 pontos-base na próxima reunião do Copom.

Como está a precificação atual no mercado de opções

O mercado de opções da B3 mostra claramente essa reavaliação. Em 27 de maio, as apostas indicavam 83% de chance de manutenção da Selic e apenas 14,5% de possibilidade de alta. No entanto, no dia 4 de junho, os dados mais recentes apontavam 53,25% de chance de estabilidade e 44,5% para uma elevação de 0,25 ponto percentual.

Esse cenário ainda pode mudar nas próximas semanas, mas a tendência atual é de que o mercado já esteja se posicionando para uma Selic mais alta no curto prazo.

Fatores internos e externos que influenciam a política monetária

Além da comunicação do Banco Central, o cenário fiscal brasileiro também continua no radar. Discussões em Brasília sobre medidas alternativas ao aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) estão em andamento, mas ainda sem definições concretas. A incerteza sobre o equilíbrio fiscal contribui para a cautela na condução da política monetária.

No exterior, os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries) também influenciaram os mercados brasileiros. No fim da tarde de quinta-feira, os juros de curto prazo dos Treasuries subiram: o rendimento do papel de dois anos atingiu 3,928%, e o do título de dez anos subiu para 4,399%. Esse movimento externo reforça o viés de alta global para os juros, o que pressiona emergentes como o Brasil.

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Quais os impactos dessa possível alta da Selic

Se confirmada a elevação da taxa básica de juros, os efeitos serão amplos:

  • Crédito mais caro: Financiamentos e empréstimos tendem a ter juros mais altos, impactando o consumo e os investimentos das famílias e empresas.
  • Inflação controlada: Uma Selic mais elevada ajuda a conter a demanda e, consequentemente, a inflação.
  • Rendimento maior na renda fixa: Aplicações como CDBs, Tesouro Direto e fundos de renda fixa se tornam mais atrativas.
  • Risco para a atividade econômica: Juros mais altos podem desacelerar ainda mais a economia, afetando o PIB e o mercado de trabalho.

Essa dinâmica exige atenção tanto dos investidores quanto dos consumidores, que devem se preparar para um cenário de juros elevados por mais tempo do que o previsto inicialmente.


Perguntas mais pesquisadas sobre o tema

1. A Selic pode subir novamente em 2025?
Sim. O mercado já precifica uma possível alta de 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Copom, levando a Selic para 15% ao ano.

2. Por que o Banco Central cogita elevar a Selic mesmo com inflação sob controle?
O BC adota uma postura cautelosa diante das incertezas fiscais e da persistência inflacionária em setores específicos da economia.

3. Como a alta da Selic afeta os investimentos?
Aumenta a rentabilidade de investimentos em renda fixa e reduz a atratividade da renda variável e do crédito.

4. O que é o DI e por que ele influencia as decisões do BC?
DI é o Depósito Interfinanceiro. Suas taxas refletem as expectativas do mercado sobre os juros futuros e servem como termômetro para o Banco Central.

5. Quando será a próxima reunião do Copom?
A próxima reunião está marcada para junho de 2025, e o mercado aguarda definição sobre a manutenção ou aumento da Selic.

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