A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apresentou nova desaceleração em maio de 2025, ficando em 0,26%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse resultado representa a terceira queda consecutiva da taxa mensal e está abaixo da variação de 0,43% registrada em abril. No acumulado do ano, a inflação já soma 2,75%, enquanto nos últimos 12 meses, o índice atingiu 5,32%, sinalizando perda de fôlego em relação aos 5,53% observados no mês anterior.
Apesar da redução no ritmo da inflação, o valor ainda se mantém acima da meta anual de 3% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o que mantém o Banco Central em alerta quanto à condução da política monetária. Um dos principais focos de atenção foi o aumento no custo da energia elétrica, que influenciou diretamente o grupo Habitação, responsável pela maior pressão sobre o índice geral no mês.
Energia elétrica puxa inflação com reajuste da bandeira tarifária
A principal contribuição para a alta do IPCA em maio veio do setor de habitação, que registrou variação de 1,19% e adicionou 0,18 ponto percentual ao índice geral. Dentro desse grupo, o subitem energia elétrica residencial teve o maior impacto individual no mês, com aumento de 3,62% e contribuição de 0,14 ponto percentual. Esse movimento foi impulsionado pela adoção da bandeira tarifária amarela, que acrescentou R$ 1,885 para cada 100 kWh consumidos.
A previsão para junho é de nova pressão inflacionária, uma vez que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) determinou a aplicação da bandeira vermelha patamar 1, o que representa um custo adicional de R$ 4,46 a cada 100 kWh. Esse aumento deverá impactar negativamente o IPCA no próximo mês, caso os demais grupos não apresentem recuos significativos.
Alívio nos alimentos contribui para conter o índice
Apesar da pressão dos custos de energia, a inflação foi atenuada pelas variações nos grupos Alimentação e Bebidas e Transportes. O grupo de alimentos registrou alta de apenas 0,17% em maio, ante 0,82% em abril, representando a menor elevação mensal desde agosto de 2024. A alimentação no domicílio teve variação quase nula (0,02%), com quedas expressivas nos preços de itens importantes da cesta básica:
- Tomate: -13,52%
- Arroz: -4,00%
- Ovos de galinha: -3,98%
- Frutas: -1,67%
Segundo o IBGE, o recuo nos preços do tomate está relacionado ao aumento da oferta decorrente da intensificação da colheita da safra de inverno. Esse cenário mais favorável contribuiu para conter os efeitos negativos do aumento da energia elétrica sobre o índice geral.
Transportes em queda: passagens aéreas e combustíveis recuam
Outro grupo que colaborou para a desaceleração da inflação foi Transportes, que apresentou recuo de 0,37%. Entre os principais responsáveis pela queda estão:
- Passagens aéreas: -11,31%
- Combustíveis: -0,72%, sendo:
- Diesel: -1,30%
- Etanol: -0,91%
- Gás veicular: -0,83%
- Gasolina: -0,66%
De acordo com o IBGE, o recuo nas tarifas aéreas está associado ao período de menor demanda entre as férias escolares de janeiro e julho, o que levou as companhias a reduzirem os preços como estratégia de ocupação.
Inflação de serviços e núcleo inflacionário também recuam
A inflação de serviços — um dos componentes mais acompanhados pelo Banco Central — teve variação de 0,18% em maio, levemente inferior aos 0,20% observados em abril. No acumulado de 12 meses, porém, ainda permanece elevada, com alta de 5,80%, impulsionada por um mercado de trabalho aquecido e melhora da renda das famílias.
Outro dado positivo veio do índice de difusão, que mede o espalhamento das altas de preços entre os itens pesquisados. Esse índice caiu para 60% em maio, ante 67% no mês anterior, indicando uma desaceleração mais ampla da inflação. Já o núcleo da inflação, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, recuou de 0,5% para 0,3%, o menor patamar desde setembro de 2024.

Expectativas do mercado e política monetária
Segundo o mais recente boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, a expectativa do mercado é de que o IPCA termine o ano em 5,44%. A taxa Selic, principal instrumento de controle da inflação, deve ser mantida no atual patamar na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), com possibilidade de elevação caso os núcleos inflacionários voltem a pressionar o índice.
A desaceleração da inflação em maio representa um respiro para consumidores e analistas econômicos, mas a manutenção da alta da energia elétrica e da inflação de serviços exige cautela. A leitura dos próximos meses será essencial para determinar os rumos da política econômica e da taxa básica de juros.
Perguntas mais buscadas sobre inflação em 2025
1. Por que a inflação caiu em maio de 2025?
A inflação desacelerou devido à queda nos preços de alimentos e transportes, que compensaram a alta na energia elétrica.
2. Qual foi a principal causa da alta no IPCA em maio de 2025?
O principal fator foi o aumento na conta de luz, causado pela adoção da bandeira tarifária amarela.
3. Quanto foi o IPCA acumulado em 12 meses até maio de 2025?
O índice acumulou alta de 5,32% nos últimos 12 meses.
4. O que é o núcleo da inflação e qual seu valor atual?
O núcleo exclui itens voláteis como alimentos e energia. Em maio, foi de 0,3%, o menor nível desde setembro de 2024.
5. A Selic vai subir por causa da inflação?
Segundo analistas, há expectativa de manutenção da Selic, mas uma alta de 0,25 p.p. pode ocorrer caso a inflação volte a acelerar.

Sou Felipe Ayan, um apaixonado pelo mercado financeiro. Desde cedo, me encantei com o poder que o conhecimento financeiro tem de transformar vidas. Ao longo dos anos, mergulhei de cabeça nesse universo, estudando, investindo e compartilhando tudo o que aprendo.