Inteligência Artificial acelera demissões nos EUA e ameaça empregos da classe média: entenda o cenário

Inteligência Artificial acelera demissões nos EUA e ameaça empregos da classe média: entenda o cenário

A ascensão da IA e a transformação do mercado de trabalho nos Estados Unidos

A Inteligência Artificial já está impactando de forma direta o mercado de trabalho norte-americano, especialmente nas ocupações consideradas tradicionais da classe média. O número de demissões ligadas ao uso de IA aumentou de forma expressiva, revelando uma mudança estrutural em como empresas estão operando — e quem elas contratam. Segundo dados da consultoria Challenger, Gray & Christmas, só em maio de 2023, 3.900 demissões foram atribuídas à automação, o equivalente a 5% do total registrado naquele mês.

Essa tendência se intensificou em 2025. A Microsoft, por exemplo, anunciou a dispensa de cerca de 6 mil colaboradores, representando 3% de sua força de trabalho global. Documentos do Departamento de Segurança do Emprego do estado de Washington mostram que 22% desses cortes afetaram engenheiros de software. Também foram desligados 39 gerentes de produto, 35 gerentes de programa técnico e 22 profissionais do setor jurídico. Esses dados revelam que nem mesmo cargos altamente qualificados estão imunes à substituição por IA.

Grandes empresas reduzem vagas com uso crescente de IA

Empresas de tecnologia como Microsoft, Meta, Google e Amazon vêm ampliando o uso de ferramentas baseadas em inteligência artificial para tarefas que antes exigiam profissionais humanos. O CTO da Microsoft, Kevin Scott, afirmou que atualmente 30% do código da empresa já é gerado por IA, e que esse índice deve chegar a 95% até 2030. Já a Meta eliminou 3.600 vagas em fevereiro de 2025, o que representa 5% de seu quadro de funcionários.

No Google, a Alphabet estuda cortar até 30 mil postos de trabalho, enquanto a Amazon já demitiu mais de 100 colaboradores em sua divisão de dispositivos e serviços. O setor financeiro também segue essa tendência. Bancos como Morgan Stanley e Goldman Sachs substituíram analistas júnior por sistemas automatizados de atendimento ao cliente, prejudicando uma das principais portas de entrada para a classe média nesse segmento.

Como a IA está afetando profissões antes consideradas estáveis

De acordo com a consultoria McKinsey, a automação pode eliminar entre 15% e 30% do tempo de trabalho em cargos de colarinho branco nos Estados Unidos até 2030. Antes da popularização da IA generativa, essa estimativa era de 21,5%; agora, subiu para 29,5%. Profissões como engenharia de software, contabilidade, jornalismo, advocacia e consultoria já enfrentam pressões diretas.

A Chegg, empresa de tecnologia educacional, demitiu 248 funcionários (22% do total) após uma queda de demanda atribuída ao crescimento do uso do ChatGPT. Escritórios de advocacia já substituem paralegais por softwares que automatizam a redação de contratos e a análise de jurisprudência. A McKinsey adotou o agente virtual Lilli, enquanto a Bain utiliza a IA Sage, da OpenAI, e a PwC incorporou o Microsoft Copilot em seus processos.

A desigualdade aumenta com a automação acelerada

O impacto da automação e da IA não é distribuído de maneira uniforme. Segundo o Federal Reserve, os 10% mais ricos concentram hoje 70% da riqueza dos EUA. Em 1980, a classe média detinha 62% dos ativos nacionais; em 2023, essa participação caiu para 43%. O Economic Policy Institute aponta que, entre 1979 e 2022, a produtividade do trabalhador cresceu 64,6%, mas a remuneração por hora aumentou apenas 17,3%.

Esse descompasso evidencia como os ganhos de eficiência gerados pela tecnologia nem sempre se traduzem em benefícios para a maioria da população. A classe média, em particular, vê seus empregos desaparecerem ou se transformarem mais rápido do que consegue se adaptar.

IA pode fortalecer a classe média no futuro?

Apesar do cenário preocupante, especialistas como o economista David Autor, do MIT, enxergam um potencial transformador na IA. Ele acredita que, se bem utilizada, a tecnologia pode democratizar o acesso ao conhecimento técnico e aumentar a produtividade individual. De fato, estudos recentes indicam que o uso diário de IA pode elevar a produtividade em até 33%. Entre agosto e novembro de 2024, uma pesquisa mostrou que 33,5% dos trabalhadores que usaram IA todos os dias conseguiram economizar pelo menos quatro horas de trabalho por semana.

Esses dados sugerem que a IA também pode ser uma aliada no fortalecimento da classe média, desde que acompanhada por políticas públicas e programas de requalificação profissional focados em adaptar a força de trabalho às novas exigências do mercado.

Inteligência Artificial acelera demissões nos EUA e ameaça empregos da classe média: entenda o cenário
Inteligência Artificial acelera demissões nos EUA e ameaça empregos da classe média: entenda o cenário

Perguntas mais buscadas sobre o impacto da IA nos empregos

1. A inteligência artificial realmente causa demissões?
Sim. Em 2023, a IA foi responsável por 3.900 demissões só nos Estados Unidos, e esse número continua crescendo em 2025.

2. Quais profissões estão sendo mais afetadas pela IA?
Cargos como engenheiros de software, contadores, jornalistas, advogados e analistas júnior estão entre os mais impactados.

3. A IA substitui apenas trabalhos manuais?
Não. Atualmente, ela substitui também funções de colarinho branco e altamente especializadas, inclusive em áreas jurídicas e financeiras.

4. A IA pode aumentar a produtividade?
Sim. Pesquisas indicam que o uso contínuo de IA pode elevar a produtividade em até 33%, economizando horas de trabalho semanalmente.

5. A classe média ainda tem futuro no mercado automatizado?
Tem, mas depende de adaptação rápida, requalificação profissional e políticas públicas que promovam a redistribuição dos ganhos tecnológicos.

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