A varejista Casas Bahia (BHIA3) anunciou, no dia 5 de junho de 2025, a antecipação do plano de conversão de R$ 1,566 bilhão em debêntures da 2ª série em ações ordinárias. Essa decisão estratégica visa fortalecer a estrutura de capital da empresa e reduzir de forma significativa sua alavancagem financeira. Com a conversão antecipada, a varejista pretende tornar viável a retomada de lucros a partir de 2027, de acordo com simulações recentes realizadas pela Genial Investimentos.
Estratégia de conversão visa aliviar endividamento da Casas Bahia
A proposta envolve a conversão das debêntures da 2ª série em ações ordinárias da empresa, com possibilidade de início já em junho de 2025. Essa movimentação foi aprovada por cerca de 99,99% dos detentores dos títulos, que somam mais de R$ 1,5 bilhão. A iniciativa prevê uma diluição significativa dos atuais acionistas, mas oferece à companhia um alívio importante na estrutura de endividamento.
O valor de conversão por ação será baseado no preço médio ponderado por volume (VWAP) dos últimos 90 dias de negociação, com um desconto de 20%. Caso a conversão ocorra integralmente, serão emitidas aproximadamente 328,9 milhões de novas ações, o que corresponderia a 77,58% do capital social da empresa.
Impactos positivos nas finanças da companhia
A adoção antecipada do plano de conversão terá impacto direto na redução da dívida bruta da Casas Bahia, que passará de R$ 5,84 bilhões para cerca de R$ 4,27 bilhões. Já a dívida líquida deve recuar de R$ 3,37 bilhões para R$ 1,81 bilhão. O patrimônio líquido, por sua vez, será ampliado para R$ 3,66 bilhões, frente aos R$ 2,09 bilhões atuais.
Essas mudanças refletem em uma melhora expressiva nos indicadores de alavancagem. A relação entre dívida líquida e o capital total cai de 61,8% para 33,1%. Já a alavancagem financeira medida pelo múltiplo de dívida líquida sobre o EBITDA ajustado dos últimos 12 meses recua de 1,6 vez para 0,8 vez — um patamar considerado saudável para empresas do setor de varejo.
Reperfilamento das debêntures da 1ª série complementa reestruturação
Além da conversão da 2ª série, a Casas Bahia também planeja o reperfilamento das debêntures da 1ª série, no valor de R$ 1,67 bilhão. A proposta altera o cronograma de pagamento de juros e amortização do principal. O primeiro pagamento de juros, antes agendado para novembro de 2026, será adiado para novembro de 2027.
As novas condições estabelecem um modelo escalonado para a amortização: 20% do valor será quitado em novembro de 2027, 25% em novembro de 2028 e os 55% restantes em novembro de 2029. A medida oferece maior flexibilidade financeira à empresa no médio prazo.
Lock-up protege valor das ações após conversão
Para evitar pressões negativas no preço das ações após a conversão das debêntures, foi estabelecido um cronograma de lock-up para a venda dos papéis recém-emitidos. O plano prevê liberação gradual dos títulos ao longo de 16 meses, com a seguinte distribuição:
- 10% liberados imediatamente após a conversão
- 15% liberados no primeiro trimestre pós-conversão
- 15% no segundo trimestre
- 20% no terceiro trimestre
- 30% no quarto trimestre
- 10% restantes no 16º mês após a conversão
Essa trava busca equilibrar o mercado, evitando uma enxurrada de vendas que possa derrubar o valor das ações no curto prazo.
Perspectivas de recuperação e rentabilidade futura
Com a reestruturação em curso, a Casas Bahia busca não apenas controlar sua alavancagem, mas também criar condições para retornar à lucratividade a partir de 2027. A aposta na conversão de dívida em capital social pode ser interpretada como uma sinalização positiva de confiança na capacidade da empresa de se recuperar e se reposicionar no cenário do varejo brasileiro.
Nos últimos anos, a companhia enfrentou um cenário desafiador, agravado por altas taxas de juros, retração do consumo e intensa concorrência digital. Agora, com medidas estruturais robustas, a Casas Bahia projeta maior solidez financeira, o que pode atrair novos investidores e impulsionar o desempenho de suas ações (BHIA3) na B3.
Considerações finais
O movimento estratégico da Casas Bahia está alinhado com as tendências do mercado de capitais, que valoriza companhias com estruturas de capital enxutas e sustentáveis. A conversão de debêntures em ações reduz a pressão sobre o caixa da empresa e melhora seus indicadores financeiros, abrindo caminho para um novo ciclo de crescimento.
Para os investidores, é essencial acompanhar os próximos desdobramentos dessa operação, avaliando como o mercado reagirá à diluição acionária e se a companhia conseguirá entregar os resultados esperados nos próximos trimestres.

Perguntas mais pesquisadas sobre o tema
1. O que significa a conversão de debêntures em ações?
É a troca de títulos de dívida por ações da empresa, permitindo que credores se tornem acionistas, reduzindo o endividamento.
2. Qual será o impacto da conversão na dívida da Casas Bahia?
A dívida bruta cairá de R$ 5,84 bilhões para R$ 4,27 bilhões e a dívida líquida de R$ 3,37 bilhões para R$ 1,81 bilhão.
3. Quantas ações serão emitidas na conversão da 2ª série?
Serão emitidas cerca de 328,9 milhões de novas ações, o equivalente a 77,58% do capital social.
4. Como funciona o lock-up das novas ações da Casas Bahia?
A venda será liberada gradualmente em até 16 meses após a conversão, para evitar queda abrupta nos preços.
5. A Casas Bahia pode voltar a dar lucro com essa operação?
Segundo projeções da Genial Investimentos, a empresa pode voltar a lucrar já em 2027, com base na reestruturação atual.

Sou Felipe Ayan, um apaixonado pelo mercado financeiro. Desde cedo, me encantei com o poder que o conhecimento financeiro tem de transformar vidas. Ao longo dos anos, mergulhei de cabeça nesse universo, estudando, investindo e compartilhando tudo o que aprendo.