Em meio à escalada da guerra comercial com os Estados Unidos, a China adota uma nova retórica diplomática e comercial: em vez de reagir com hostilidade, busca ampliar suas parcerias globais, destacando-se como uma voz ativa em defesa do livre comércio. Segundo o Ministério das Relações Exteriores chinês, o país está “apertando mãos, não punhos”, e “derrubando muros” para diversificar seus laços comerciais.
Tarifas Altas Impulsionam Ação Diplomática Chinesa
A tensão entre Pequim e Washington se intensificou após o presidente dos EUA, Donald Trump, impor tarifas de 145% sobre produtos chineses, como parte de uma estratégia mais ampla de taxação sobre importações de diversos países. Em resposta, a China aumentou suas tarifas sobre produtos norte-americanos para 125%, intensificando a disputa.
Apesar disso, o porta-voz chinês Lin Jian reafirmou a postura pacífica do país:
“Diante das incertezas externas, a China insistirá em derrubar barreiras, conectar em vez de dissociar, apertar mãos em vez de punhos.”
OMC Alerta para Impactos Severos no Comércio Global
A Organização Mundial do Comércio (OMC) emitiu um alerta preocupante: a disputa entre as duas maiores economias do mundo pode causar uma queda de até 80% no fluxo de mercadorias entre EUA e China, comprometendo o crescimento global. O cenário coloca pressão não apenas sobre os dois países, mas também sobre parceiros comerciais dependentes das suas cadeias de produção.
China Suspende Compras da Boeing e Avança no Sudeste Asiático
Em retaliação estratégica, Pequim suspendeu as compras de aviões e peças da norte-americana Boeing, segundo fontes da Bloomberg. Paralelamente, o presidente Xi Jinping embarcou em uma turnê por países do Sudeste Asiático — começando pelo Vietnã, que também enfrenta ameaças tarifárias dos EUA.
Durante sua visita, Xi firmou dezenas de acordos bilaterais, com foco em:
- Cadeias de produção e fornecimento
- Infraestrutura ferroviária
- Fortalecimento do comércio bilateral
O presidente chinês seguirá ainda para a Malásia e o Camboja, dois países que também estão sob o radar tarifário dos EUA, com tarifas projetadas de 24% e 49%, respectivamente.
China Se Apresenta Como Defensora do Livre Comércio
Em editorial publicado no jornal estatal People’s Daily, o governo chinês reforçou seu discurso internacionalista:
“Diante da crise, ninguém pode se manter sozinho. Somente a unidade e a cooperação podem enfrentar os desafios.”
O texto cita até mesmo a obra “O Mágico de Oz” para ilustrar a necessidade de parcerias em tempos difíceis, reforçando a imagem da China como agente benevolente do comércio global. Uma das medidas citadas como prova dessa abordagem é a implementação de tarifas zero para países menos desenvolvidos.
O Que Esperar nos Próximos Meses?
Com os EUA impondo tarifas cada vez mais agressivas e a China reforçando alianças na Ásia e com países emergentes, o cenário global caminha para:
- Redesenho das cadeias globais de fornecimento
- Fortalecimento de blocos comerciais alternativos
- Desdolarização gradual no comércio bilateral entre China e seus aliados
- Maior protagonismo da China em fóruns multilaterais
A tensão entre EUA e China é muito mais do que uma questão comercial. Ela representa uma disputa por hegemonia global, e os desdobramentos afetarão investimentos, produção e inflação em diversos países.

Sou Felipe Ayan, um apaixonado pelo mercado financeiro. Desde cedo, me encantei com o poder que o conhecimento financeiro tem de transformar vidas. Ao longo dos anos, mergulhei de cabeça nesse universo, estudando, investindo e compartilhando tudo o que aprendo.