Dólar recua com impacto de dados econômicos dos EUA e incertezas fiscais no Brasil
Nesta quinta-feira, 5 de junho de 2025, o dólar comercial registrou queda expressiva frente ao real, sendo negociado a R$ 5,5938 às 10h40, representando um recuo de 0,76% no dia. A desvalorização ocorre em meio à divulgação de dados econômicos decepcionantes dos Estados Unidos, que alimentam preocupações sobre o desempenho da maior economia do mundo e provocam uma onda de aversão ao risco por parte dos investidores.
A moeda norte-americana, que fechou o dia anterior em alta de 0,14%, a R$ 5,6450, perdeu força após a divulgação de indicadores do setor privado e do mercado de trabalho dos EUA que vieram abaixo das expectativas do mercado.
Dados dos EUA pressionam o dólar e aumentam volatilidade global
Dois relatórios foram cruciais para o movimento de queda do dólar:
- O relatório da ADP, que mede a geração de empregos no setor privado, apontou uma criação de vagas muito inferior ao esperado em maio.
- A pesquisa ISM, do Instituto de Gestão de Fornecimento, indicou contração no setor de serviços norte-americano.
Além disso, os pedidos semanais de auxílio-desemprego subiram para 247 mil, acima dos 235 mil previstos, o que reforça a percepção de desaceleração da atividade econômica. Esses dados aumentam a pressão sobre o governo dos EUA, que já enfrenta críticas pela instabilidade da política comercial liderada por Donald Trump.
Outro dado que influenciou o humor dos investidores foi o déficit comercial dos EUA, que somou US$ 61,6 bilhões em abril. Apesar de melhor que as estimativas, o resultado é interpretado dentro do contexto da chamada “guerra comercial” promovida por Trump, que incluiu tarifas sobre importações e um período de trégua de 90 dias para negociações.
Índice do dólar e a valorização de moedas emergentes
O índice DXY, que mede a força do dólar frente a uma cesta de seis moedas globais, recuava 0,15%, para 98,653 pontos, evidenciando o enfraquecimento da divisa americana em escala global. Esse cenário beneficia moedas de países emergentes, como o real brasileiro, que tendem a se valorizar em momentos de aversão ao dólar.
Essa tendência também se explica pela crescente percepção de que os Estados Unidos podem ser os maiores prejudicados com o atual protecionismo comercial, o que gera instabilidade e menor apetite pela moeda americana por parte de investidores globais.
Decisão do BCE e impacto sobre o mercado cambial
Outro fator que entrou no radar dos mercados foi a nova decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE). A autoridade monetária reduziu novamente a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, levando-a a 2,0% ao ano. A decisão busca estimular a economia da zona do euro diante da pressão inflacionária moderada e crescimento desacelerado.
Essa medida aumenta o diferencial de juros entre economias desenvolvidas e emergentes, favorecendo a entrada de capital estrangeiro em mercados como o Brasil e contribuindo para a valorização de moedas como o real.
Incertezas fiscais mantêm o real sob pressão no cenário doméstico
Apesar do cenário internacional favorecer o real, o câmbio brasileiro ainda enfrenta limitações internas, especialmente em relação à condução da política fiscal. A discussão sobre o aumento das alíquotas do IOF pelo governo federal levantou dúvidas sobre o compromisso com o equilíbrio das contas públicas.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que propostas alternativas serão apresentadas aos líderes partidários no próximo domingo, em tentativa de encontrar uma solução viável politicamente e financeiramente.
Além disso, pesquisas recentes apontando queda na aprovação do presidente Lula preocupam o mercado, que teme que o governo possa adotar medidas de estímulo fiscal visando reverter a percepção negativa. Segundo Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos, “a queda na aprovação cria um pequeno temor no mercado de que isso possa ser acompanhado com medidas que aumentam os gastos”.
Expectativa gira em torno do relatório de emprego dos EUA
O mercado aguarda com expectativa a divulgação do relatório oficial de empregos (payroll) dos EUA, prevista para esta sexta-feira. O documento trará uma leitura mais ampla da situação do mercado de trabalho americano e poderá ser determinante para o rumo da política monetária do Federal Reserve (Fed).
Caso os números confirmem uma desaceleração mais acentuada, pode-se esperar uma mudança de tom do Fed em relação à taxa de juros, o que impactaria diretamente a trajetória do dólar frente a moedas emergentes.
5 perguntas mais pesquisadas sobre a queda do dólar em 2025
1. Por que o dólar caiu abaixo de R$ 5,60 em junho de 2025?
Devido a dados econômicos fracos dos EUA e maior expectativa de desaceleração na economia americana.
2. Quais indicadores dos EUA impactaram o dólar?
Relatório de emprego da ADP, dados do ISM e pedidos semanais de seguro-desemprego.
3. O que é o índice DXY e por que ele importa?
É o índice que mede a força do dólar frente a outras moedas; sua queda indica enfraquecimento global da moeda americana.
4. A política fiscal do Brasil influencia o câmbio?
Sim. Incertezas fiscais e medidas que aumentam gastos públicos afetam a confiança dos investidores e limitam a valorização do real.
5. O dólar pode cair mais nos próximos dias?
Depende dos dados do payroll dos EUA e das decisões do Fed sobre juros. Se a economia americana continuar fraca, é possível nova queda.

Sou Felipe Ayan, um apaixonado pelo mercado financeiro. Desde cedo, me encantei com o poder que o conhecimento financeiro tem de transformar vidas. Ao longo dos anos, mergulhei de cabeça nesse universo, estudando, investindo e compartilhando tudo o que aprendo.