A escalada de conflitos no Leste Europeu e no Oriente Médio em 2025 intensificou a busca por ativos mais seguros por parte dos investidores. Em meio a esse cenário de incerteza, um grupo de fundos temáticos se destacou por seu desempenho expressivo: os ETFs ligados ao setor de defesa, segurança e aeroespacial. Conhecidos como “ETFs de guerra”, esses produtos registraram valorização muito acima da média do mercado, com alguns superando a marca de 78% no acumulado do ano, segundo dados do TradingView.
Enquanto o índice S&P 500 avançou cerca de 12% e o ouro acumulou alta de 44,10% até junho de 2025, ETFs como o Direxion Daily Aerospace & Defense 3× Bull (DFEN) se destacaram com rentabilidade quase sete vezes superior ao principal índice americano. Mas será que vale a pena investir nesse tipo de fundo? E quais são os riscos associados?
Por que os ETFs de defesa estão se valorizando?
A valorização desses fundos está diretamente relacionada ao aumento nos gastos militares globais. De acordo com a PwC, os investimentos em defesa atingiram níveis históricos em 2024 e continuam em trajetória de crescimento. Só os 32 países da OTAN anunciaram um plano para elevar seus orçamentos militares a 5% do PIB até 2035, como resposta a ameaças estratégicas e à continuidade de conflitos como a guerra entre Rússia e Ucrânia e a instabilidade no Oriente Médio.
Além dos governos, startups de defesa também vêm recebendo aportes robustos. Em 2024, o capital de risco direcionado a empresas do setor superou os US$ 2,2 bilhões, ultrapassando o volume de investimentos em tecnologia tradicional.
Desempenho das maiores empresas e impacto nos fundos
O aquecimento no setor refletiu diretamente nos balanços das maiores companhias de defesa. Nos Estados Unidos, as seis principais empresas do segmento aumentaram sua receita em 4%, e o volume de pedidos em carteira (backlog) atingiu o recorde de US$ 530 bilhões, um crescimento de 9%. Na Europa, as cinco maiores registraram alta de 13% na receita, embora o lucro líquido tenha caído 2%, segundo relatório da PwC.
Esses números impulsionaram ETFs que replicam o desempenho dessas empresas. Confira alguns dos fundos com maior valorização em 2025:
Principais ETFs de guerra em 2025
ETF | Bolsa | Valorização em 2025 |
---|---|---|
Direxion Daily Aerospace & Defense 3× Bull (DFEN) | NYSE Arca | 78,47% |
VanEck Defense UCITS ETF (DFNS) | LSE / Xetra / Borsa Italiana | 64,57% |
SPDR S&P Aerospace & Defense ETF (XAR) | NYSE Arca | 42,55% |
iShares U.S. Aerospace & Defense ETF (ITA) | NYSE Arca | 37,80% |
First Trust Nasdaq Cybersecurity ETF (CIBR) | Nasdaq | 35,28% |
Rize Cybersecurity and Data Privacy UCITS ETF (CYBR) | LSE / Xetra | 32,69% |
Invesco Aerospace & Defense ETF (PPA) | NYSE Arca | 32,30% |
SPDR Kensho Future Security ETF (FITE) | NYSE Arca | 31,27% |
iShares Digital Security UCITS ETF (LOCK) | LSE / Xetra | 15,36% |
L&G Cyber Security UCITS ETF (ISPY) | LSE / Xetra | -4,23% |
Vantagens e riscos dos ETFs temáticos de defesa
Segundo Cauê Mançanares, CEO da Investo, esses ETFs oferecem acesso prático a tendências globais estruturais, além de diversificação e transparência. São produtos especialmente atrativos para investidores com perfil dinâmico, que buscam ganhos no longo prazo baseados em transformações geopolíticas e tecnológicas.
No entanto, os riscos são significativos. Arthur Barbosa, analista da Aware Investments, ressalta que esses fundos são recomendados para perfis arrojados, pois sua performance está diretamente atrelada a eventos geopolíticos, mudanças regulatórias e ciclos orçamentários governamentais. Além disso, a concentração setorial — ainda que diversificada entre empresas — expõe o investidor a uma alta correlação de ativos.
Outro ponto importante é o debate ético. Muitos investidores que seguem critérios ESG (ambientais, sociais e de governança) evitam esse tipo de ativo devido à natureza da indústria armamentista e seu impacto humanitário.
Vale a pena investir nos ETFs de guerra?
A decisão de investir nesses fundos deve levar em conta o perfil do investidor, seu apetite por risco e sua visão sobre o cenário global. Eles podem ser uma forma estratégica de diversificar a carteira e capturar movimentos estruturais de longo prazo, como o aumento dos gastos militares e a digitalização da segurança.
Por outro lado, não são indicados para investidores conservadores ou aqueles com foco exclusivo em investimentos socialmente responsáveis. A volatilidade associada a eventos imprevisíveis pode gerar perdas expressivas no curto prazo, embora o histórico recente mostre retornos expressivos.

Perguntas mais buscadas sobre ETFs de defesa
1. O que são ETFs de guerra?
São fundos de índice que investem em empresas dos setores de defesa, aeroespacial e segurança cibernética, com foco em tendências militares e geopolíticas.
2. Por que os ETFs de defesa estão subindo em 2025?
A alta é impulsionada pelo aumento dos orçamentos militares globais e pelo crescimento das empresas do setor em meio a tensões geopolíticas.
3. Vale a pena investir em ETFs de defesa?
Pode ser vantajoso para investidores arrojados que buscam exposição a tendências globais, mas envolve alto risco e volatilidade.
4. Quais são os principais ETFs de defesa disponíveis?
Entre os mais populares estão DFEN, XAR, ITA, PPA e CIBR, listados nas bolsas dos EUA e Europa.
5. ETFs de guerra são compatíveis com investimentos ESG?
Geralmente não, pois o setor de defesa levanta questões éticas e humanitárias, sendo evitado por investidores com foco em responsabilidade social.

Sou Felipe Ayan, um apaixonado pelo mercado financeiro. Desde cedo, me encantei com o poder que o conhecimento financeiro tem de transformar vidas. Ao longo dos anos, mergulhei de cabeça nesse universo, estudando, investindo e compartilhando tudo o que aprendo.