As novas tarifas de 50% sobre as importações de aço e alumínio dos Estados Unidos começaram a valer nesta quarta-feira (4), gerando uma onda de preocupações no mercado internacional. O Brasil, como segundo maior fornecedor desses metais ao território norte-americano, figura entre os países mais impactados pela medida. Essa elevação tarifária foi formalizada pelo presidente Donald Trump durante visita à planta da US Steel, dobrando a taxa anterior de 25% que já estava em vigor desde 2018.
Como as tarifas impactam o setor de aço e mineração brasileiro
O aumento das tarifas obriga o setor brasileiro de siderurgia e mineração a lidar com um cenário de maior protecionismo comercial e desaceleração global. Analistas de mercado destacam que essa mudança pode pressionar as margens de lucro das empresas e limitar suas exportações para o mercado norte-americano, gerando um novo ciclo de adaptação para os principais players do setor.
Efeitos sobre as principais empresas brasileiras: CSN, CSN Mineração e Gerdau
As consequências variam entre as companhias brasileiras. A Gerdau (GGBR4), que mantém operações relevantes nos EUA voltadas a produtos longos como vergalhões e vigas, deve sentir impacto reduzido. Esses produtos representam apenas 17% das importações totais norte-americanas, o que diminui a exposição direta da empresa ao aumento tarifário.
Já CSN (CSNA3) e CSN Mineração (CMIN3) enfrentam um ambiente mais complexo. De acordo com relatório recente do Itaú BBA, o ano de 2025 tende a ser desafiador tanto para o mercado de aço quanto para o de minério de ferro. A instituição mantém recomendação neutra para as ações da CSN, com preço-alvo de R$ 9,00, e recomendação abaixo da média para CMIN, com meta de US$ 4,80 por ação até o final do ano.
Outro ponto relevante é que o múltiplo EV/EBITDA projetado para 2025 dessas companhias está acima da média do setor, o que, aliado à expectativa de geração de caixa negativa, limita o potencial de valorização de suas ações na bolsa.
Queda de demanda e pressão da China sobre os preços
O cenário internacional também é influenciado pela fraqueza da demanda chinesa. A China continua sendo o maior consumidor mundial de minério de ferro e aço, mas sinais de desaceleração econômica e queda na atividade da construção civil pressionam os preços.
Em maio de 2025, os preços do minério de ferro caíram para os menores patamares em cinco semanas. As siderúrgicas chinesas estão reduzindo produção tanto em altos-fornos quanto em fornos elétricos, reflexo de margens negativas e estoques elevados. Apesar de um aumento pontual de 23% nas exportações brasileiras de minério no final de maio, os analistas projetam que os preços seguirão sob pressão no curto prazo.
Segundo dados atualizados, os estoques nos portos chineses recuaram 1,4 milhão de toneladas na última semana, mas o consumo continua fraco, dificultando uma retomada de preços. A previsão média do minério de ferro para 2025 é de US$ 95 por tonelada.
Pressão nos preços internos do aço no Brasil
O mercado brasileiro de aço também enfrenta dificuldades. O preço do vergalhão registrou queda de 1,4% na última semana, e analistas preveem novas desvalorizações para os próximos meses. Produtos longos e planos devem seguir pressionados, resultado da combinação de elevada oferta — tanto da produção nacional quanto das importações — e de uma demanda interna fraca.
Esse cenário impede as siderúrgicas de repassarem aumentos de custo ao consumidor final, o que agrava a pressão sobre as margens de lucro e dificulta investimentos e expansão no curto prazo.
O que esperar do mercado nos próximos meses
Especialistas sugerem que o setor brasileiro precisará intensificar a busca por novos mercados e estratégias de redução de custos operacionais. A diversificação geográfica das exportações e o investimento em produtos de maior valor agregado podem ajudar a mitigar parte dos impactos da política comercial dos EUA.
O ambiente ainda é incerto, e dependerá também de como a China ajustará sua demanda nos próximos trimestres. No curto prazo, a resiliência das empresas brasileiras dependerá da eficiência operacional e da flexibilidade em adaptar portfólios e mercados.

Perguntas mais buscadas sobre o impacto da tarifa de 50% sobre o aço e alumínio
1. Por que os Estados Unidos aumentaram a tarifa sobre aço e alumínio?
Para proteger a indústria nacional e incentivar a produção interna, especialmente em um contexto de disputa comercial com países como China e Brasil.
2. O Brasil é muito afetado por essa tarifa?
Sim. O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os EUA e sofrerá forte impacto na competitividade dos seus produtos.
3. Quais empresas brasileiras serão mais prejudicadas?
CSN e CSN Mineração tendem a ser mais afetadas, enquanto a Gerdau pode ser menos impactada por ter operações locais nos EUA.
4. Como a queda na demanda da China influencia esse cenário?
A desaceleração da construção civil e a redução na produção siderúrgica na China derrubam os preços globais do aço e do minério.
5. Os preços do aço no Brasil vão continuar caindo?
A expectativa é de novas quedas, devido à combinação de alta oferta e baixa demanda, o que pressiona as margens das empresas.

Sou Felipe Ayan, um apaixonado pelo mercado financeiro. Desde cedo, me encantei com o poder que o conhecimento financeiro tem de transformar vidas. Ao longo dos anos, mergulhei de cabeça nesse universo, estudando, investindo e compartilhando tudo o que aprendo.