O aumento da taxa Selic para 15% ao ano — o maior patamar em quase duas décadas — está provocando uma pressão crescente sobre micro, pequenas e médias empresas brasileiras. A elevação dos juros encarece o custo de capital, levando essas empresas a uma situação delicada: elas precisam de mais crédito para manter suas atividades, mas enfrentam dificuldades cada vez maiores para honrar seus compromissos. O resultado é preocupante: a inadimplência atingiu em maio de 2025 o maior nível já registrado, segundo dados do Banco Central.
Crescimento da inadimplência entre pequenas empresas
O cenário econômico atual tornou o ambiente de crédito mais restritivo. Com o custo do dinheiro em alta, pequenas empresas — especialmente aquelas com menor estrutura financeira — estão recorrendo a financiamentos emergenciais para manter a operação ativa. De acordo com o Banco Central, o volume total de empréstimos tomados por esse grupo chegou a R$ 1,179 bilhão em maio, um aumento de 11,6% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Apesar do crescimento no volume de crédito concedido, a capacidade de pagamento dessas empresas está comprometida. A taxa de inadimplência nas operações atingiu o maior patamar da série histórica, refletindo a dificuldade em equilibrar fluxo de caixa com o custo crescente das dívidas.
Por que as empresas recorrem mais ao crédito mesmo com juros altos?
Mesmo diante dos juros elevados, o crédito continua sendo uma alternativa inevitável para muitas pequenas empresas. Os motivos principais incluem:
- Capital de giro: grande parte dos empréstimos é usada para manter as operações diárias, como pagamento de fornecedores e salários.
- Renegociação de dívidas: algumas empresas tomam novos créditos para reestruturar dívidas anteriores, com prazos mais longos.
- Reposição de estoques: em setores como comércio e alimentação, é necessário manter estoques atualizados mesmo com margens reduzidas.
A dificuldade está no desequilíbrio entre o custo do crédito e o retorno gerado pelas operações. Com margens comprimidas e faturamento instável, muitas empresas não conseguem arcar com os juros e acabam entrando em atraso.
Setores mais afetados pela alta da Selic
Alguns segmentos são mais impactados do que outros pela elevação da taxa básica de juros. Entre os mais afetados estão:
- Varejo e comércio local: dependem fortemente do capital de giro e enfrentam queda no consumo.
- Serviços: com margens menores e alta competitividade, o setor sente diretamente o aumento dos custos operacionais.
- Indústria de pequeno porte: enfrenta dificuldade para repassar aumentos ao consumidor final, comprometendo o caixa.
Esses setores, majoritariamente compostos por empresas de pequeno e médio porte, têm dificuldade em acessar linhas de crédito com taxas mais baixas e acabam optando por financiamentos mais caros, o que eleva o risco de inadimplência.
O que o empreendedor pode fazer para reduzir o impacto dos juros altos
Para enfrentar esse cenário desafiador, os empreendedores podem adotar algumas estratégias práticas:
- Renegociar dívidas com instituições financeiras: buscar alongamento de prazos ou redução de taxas.
- Avaliar opções de crédito com garantia: linhas como o Pronampe ou crédito com garantias reais podem oferecer juros menores.
- Controlar rigorosamente o fluxo de caixa: ter visibilidade total das entradas e saídas ajuda a tomar decisões mais assertivas.
- Evitar financiamentos de curto prazo com juros elevados, como cheque especial ou cartão de crédito empresarial.
Além disso, manter uma boa pontuação de crédito e histórico com bancos pode facilitar o acesso a melhores condições.
Tendência de crédito para os próximos meses
A expectativa é que a taxa Selic comece a cair gradualmente a partir do segundo semestre de 2025, aliviando o custo do capital para empresas e consumidores. No entanto, o efeito dessa redução só deve ser sentido a partir de 2026, o que exige cautela redobrada no curto prazo.
Programas de incentivo ao crédito, como o novo PAC das MPEs (previsto para o segundo semestre), podem ajudar a destravar linhas mais acessíveis, especialmente para negócios com faturamento de até R$ 4,8 milhões ao ano.
Enquanto isso, a recomendação de especialistas é que os empresários priorizem a saúde financeira, adotando uma gestão rigorosa e evitando assumir dívidas que possam comprometer a sustentabilidade da empresa nos próximos trimestres.

Perguntas mais pesquisadas sobre crédito e inadimplência de pequenas empresas
1. Por que a inadimplência entre pequenas empresas está aumentando?
Devido aos juros altos e ao aumento do custo das dívidas, muitas empresas não conseguem arcar com os compromissos assumidos.
2. Vale a pena pegar crédito com a Selic a 15%?
Depende. Se for para manter a operação e houver planejamento financeiro, pode ser viável, mas é necessário comparar opções.
3. Quais setores mais sofrem com os juros altos?
Varejo, serviços e indústrias de pequeno porte são os mais afetados, por dependerem mais de capital de giro.
4. Como pequenas empresas podem renegociar suas dívidas?
Elas devem procurar os bancos credores, apresentar seu fluxo de caixa e buscar prazos maiores ou taxas reduzidas.
5. Existe algum programa de crédito com juros mais baixos?
Sim. Linhas como o Pronampe e programas regionais oferecem crédito com taxas reduzidas e condições especiais para MPEs.

Sou Felipe Ayan, um apaixonado pelo mercado financeiro. Desde cedo, me encantei com o poder que o conhecimento financeiro tem de transformar vidas. Ao longo dos anos, mergulhei de cabeça nesse universo, estudando, investindo e compartilhando tudo o que aprendo.