Juros altos? A elevação da taxa Selic para 15% ao ano reacendeu o alerta dos investidores em relação ao nível de endividamento das empresas listadas na bolsa brasileira. O aumento nos juros impacta diretamente o custo das dívidas corporativas, dificultando o refinanciamento e pressionando os resultados financeiros. Em um cenário de crédito mais caro, companhias com grandes passivos financeiros passam a enfrentar maiores desafios de gestão e lucratividade.
Recentemente, a Cosan (CSAN3) sofreu uma queda brusca de 9% em seu valor de mercado após o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciar a nova taxa de juros. A reação do mercado é reflexo da preocupação com a reestruturação da holding, que busca reduzir sua elevada dívida. Essa situação acende um sinal de alerta para outras empresas em condições semelhantes.
Com base em um levantamento da Elos Ayta Consultoria, encomendado pelo portal Investidor10, foi possível identificar as empresas com os maiores volumes de dívida bruta na B3. O estudo considera dados atualizados e aponta as companhias que mais sofrem com a elevação do custo financeiro em 2025.
As 10 empresas mais endividadas da bolsa brasileira
As empresas a seguir possuem os maiores volumes de dívida bruta, superando os R$ 50 bilhões, segundo dados mais recentes:
- Petrobras (PETR4): R$ 370,3 bilhões
- Vale (VALE3): R$ 92,9 bilhões
- Suzano (SUZB3): R$ 91,0 bilhões
- Eletrobras (ELET3): R$ 71,0 bilhões
- Raízen (RAIZ4): R$ 68,4 bilhões
- Cosan (CSAN3): R$ 67,0 bilhões
- Marfrig (MRFG3): R$ 63,5 bilhões
- Simpar (SIMH3): R$ 59,2 bilhões
- Equatorial (EQTL3): R$ 54,4 bilhões
- CSN (CSNA3): R$ 53,2 bilhões
É importante destacar que Cosan e sua subsidiária Raízen, juntas, acumulam mais de R$ 135 bilhões em dívidas. Esse volume só é superado pela Petrobras, que lidera o ranking com mais de R$ 370 bilhões.
Juros altos, dólar em queda e impacto nas dívidas
Segundo o CEO da Elos Ayta Consultoria, Einar Rivero, o cenário atual de juros elevados torna o custo financeiro um fator crítico para as empresas fortemente alavancadas. Entretanto, ele ressalta que nem todas as dívidas dessas companhias estão atreladas à taxa Selic, já que parte significativa dos financiamentos é obtida no exterior, com taxas menores do que as praticadas no mercado interno.
Empresas como Petrobras, Vale e Suzano, por exemplo, possuem passivos relevantes em dólar. Essa exposição pode ser positiva em um cenário de valorização do real, pois a queda da moeda americana contribui para a redução do saldo devedor em reais. Além disso, a desvalorização do dólar pode gerar ganhos contábeis que ajudam a compensar os efeitos negativos dos juros altos no Brasil.
O que os investidores devem observar
Empresas altamente endividadas em um ambiente de juros elevados tendem a apresentar maior volatilidade e risco. Por isso, é essencial que investidores observem não apenas o volume de dívida, mas também:
- A proporção entre dívida e geração de caixa (EBITDA)
- O prazo médio e indexadores dos contratos
- A exposição cambial das dívidas
- A capacidade da empresa de renegociar ou refinanciar seus passivos
- O desempenho operacional e perspectivas de receita
A análise de endividamento deve ser feita de forma detalhada e considerar o contexto macroeconômico, especialmente em momentos de política monetária restritiva, como o atual.

Perguntas mais pesquisadas sobre empresas endividadas na B3
1. Quais são as empresas mais endividadas da B3 em 2025?
Petrobras, Vale, Suzano, Eletrobras, Raízen, Cosan, Marfrig, Simpar, Equatorial e CSN estão entre as 10 com maiores dívidas brutas.
2. Como a alta da Selic afeta as empresas da bolsa?
A Selic elevada aumenta o custo dos financiamentos, impacta o lucro das empresas e pode dificultar o refinanciamento das dívidas.
3. Empresas com dívida em dólar se beneficiam com a queda da moeda?
Sim, a valorização do real reduz o valor em reais da dívida em dólar, aliviando o impacto no balanço financeiro.
4. Quais setores da bolsa são mais sensíveis aos juros altos?
Setores intensivos em capital e infraestrutura, como energia, transporte, papel e celulose, são mais afetados pelo custo do crédito.
5. É arriscado investir em empresas muito endividadas?
Sim, especialmente em cenários de juros altos. A alavancagem excessiva pode comprometer a saúde financeira e aumentar o risco de perdas ao investidor.

Sou Felipe Ayan, um apaixonado pelo mercado financeiro. Desde cedo, me encantei com o poder que o conhecimento financeiro tem de transformar vidas. Ao longo dos anos, mergulhei de cabeça nesse universo, estudando, investindo e compartilhando tudo o que aprendo.