O mercado financeiro brasileiro está presenciando uma movimentação intensa por Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA), diante da possível tributação desses ativos a partir de 2026. A recente Medida Provisória (MP) que propõe o fim da isenção de Imposto de Renda sobre esses papéis provocou uma corrida dos investidores, antecipando-se à mudança e pressionando os spreads para as mínimas em mais de um ano.
Demanda crescente pressiona spreads de ativos isentos
De acordo com relatório do Bradesco BBI, o aumento expressivo na busca por LCIs e LCAs refletiu diretamente na redução dos spreads — ou seja, no diferencial de rentabilidade em relação aos títulos públicos. Na última terça-feira (10), os papéis atrelados ao IPCA registraram spread de apenas 1,7 ponto-base, o menor desde o início de 2024. Mesmo ao longo da semana, o nível se manteve próximo de 4 pontos-base, cerca de 0,4 ponto acima dos títulos equivalentes do Tesouro Nacional.
No caso de papéis atrelados ao CDI, o spread permanece na casa dos 100 pontos-base desde março, mostrando que, apesar da alta demanda, ainda há prêmios mais interessantes em certos ativos. Analistas do mercado reforçam que essa distorção tende a se intensificar nos próximos meses, caso a MP avance no Congresso.
Medida Provisória gera incerteza e exige cautela
A medida provisória ainda precisa passar pelo crivo do Congresso Nacional em até 120 dias. Caso aprovada, a nova regra só entrará em vigor em janeiro de 2026, respeitando o princípio constitucional da anterioridade tributária. Ou seja, aplicações feitas até 31 de dezembro de 2025 manteriam a isenção, o que incentiva a compra antecipada.
Mesmo com o possível benefício, especialistas recomendam prudência. Rodrigo Sgavioli, diretor da XP, destaca que movimentações apressadas podem gerar escolhas equivocadas: “Tomar decisões precipitadas agora pode fazer o investidor adquirir um ativo com risco ou retorno inadequado ao seu perfil”.
Planejamento financeiro é chave para aproveitar a janela de isenção
A principal orientação dos especialistas é utilizar esse período de transição para reavaliar a carteira de investimentos com foco em diversificação e eficiência fiscal. Entrar agora em LCIs e LCAs pode ser vantajoso, desde que a escolha considere o prazo, o emissor, o indexador e a liquidez do título.
Além disso, ativos como fundos de infraestrutura (FI-Infra) exigem maior atenção, pois podem conter uma combinação de ativos isentos e tributados, o que dificulta a análise da rentabilidade líquida. Já os fundos imobiliários (FIIs) e os Fiagros devem ajustar suas estratégias para manter atratividade diante da possível taxação de 5% sobre dividendos.
Oportunidade para diversificação com inteligência
Com a janela de isenção válida até o fim de 2025, investidores têm tempo para estudar oportunidades com calma. Exemplos práticos incluem LCIs emitidas por grandes bancos com prazos superiores a 2 anos, que oferecem liquidez restrita, mas rentabilidade acima do CDI líquido. Outro caminho são as LCAs de cooperativas, que normalmente pagam taxas mais atrativas, mas exigem maior atenção ao risco do emissor.
Importante lembrar que a isenção fiscal não deve ser o único critério para escolha do investimento. O contexto macroeconômico, o horizonte de aplicação e o perfil de risco devem sempre orientar a decisão.

Perguntas frequentes sobre a tributação de LCI e LCA
1. A LCI e a LCA vão mesmo ser taxadas a partir de 2026?
Sim, a proposta atual prevê a tributação a partir de janeiro de 2026, caso a MP seja aprovada pelo Congresso.
2. Investimentos feitos antes da mudança continuarão isentos?
Sim. Aplicações realizadas até o final de 2025 manterão a isenção, respeitando o princípio da anterioridade tributária.
3. Vale a pena investir em LCI ou LCA agora?
Sim, desde que o investimento esteja alinhado com o seu perfil e objetivos. A isenção de IR até 2025 é um atrativo relevante.
4. O que são os spreads desses ativos e por que caíram?
Spreads são o diferencial de retorno em relação aos títulos públicos. Eles caíram devido à alta demanda por ativos isentos.
5. Quais os riscos de investir apressadamente nesses ativos?
O principal risco é escolher títulos inadequados em termos de prazo, liquidez ou emissor, comprometendo a rentabilidade futura.

Sou Felipe Ayan, um apaixonado pelo mercado financeiro. Desde cedo, me encantei com o poder que o conhecimento financeiro tem de transformar vidas. Ao longo dos anos, mergulhei de cabeça nesse universo, estudando, investindo e compartilhando tudo o que aprendo.