Proposta do governo pressiona ações de fintechs e preocupa mercado
Nubank e Inter em queda, na última segunda-feira (9), o governo federal anunciou um pacote de medidas para compensar a arrecadação que seria perdida com a extinção da alta do IOF. Uma das propostas mais polêmicas é o aumento da carga tributária sobre fintechs, que hoje contam com alíquotas significativamente mais baixas em comparação aos grandes bancos. A notícia gerou reação imediata no mercado: as ações do Nubank (ROXO34) e do Banco Inter (INBR32) recuaram mais de 2% ao longo do dia.
Atualmente, o sistema financeiro brasileiro opera com três faixas distintas de tributação:
- 20% para bancos de grande porte, como Itaú, Santander, Bradesco e BTG Pactual
- 15% para seguradoras e corretoras
- 9% para fintechs de menor porte
A proposta do governo elimina a alíquota de 9%, forçando as fintechs a migrarem para uma carga de 15% ou até mesmo 20%. Ainda não está claro qual será a regra final de transição, o que aumenta a incerteza para investidores e analistas.
Ações de Nubank e Inter reagem negativamente à proposta
Logo após o anúncio da proposta fiscal, as ações de Nubank e Inter apresentaram queda expressiva. O movimento reflete a preocupação de investidores com a possível elevação de custos operacionais dessas empresas, que já enfrentam margens mais apertadas do que os bancos tradicionais.
Mesmo com essa reação negativa, especialistas do mercado afirmam que o impacto prático pode ser mais limitado do que o pânico inicial sugere. A analista Larissa Quaresma, da Empiricus, destacou durante o programa “Giro do Mercado” que empresas como Nubank e Stone provavelmente não serão diretamente afetadas, por atuarem fora da estrutura regulatória tradicional brasileira. No caso da Stone, por exemplo, boa parte das operações ocorre fora do Brasil.
Aumento de impostos pode afetar competitividade das fintechs
Segundo Marcos Camilo, CEO da Pulse Capital, a elevação do imposto tende a encarecer o custo de capital para as fintechs, o que pode prejudicar sua competitividade frente aos grandes bancos. Ao contrário das instituições tradicionais, as fintechs possuem menor escala e menor capacidade de diluição de custos. Isso significa que qualquer aumento tributário pode comprometer sua rentabilidade e sua capacidade de crescimento.
Outro ponto de atenção é o perfil do público atendido por essas empresas. O Nubank, por exemplo, possui uma base de clientes majoritariamente composta por consumidores das classes C e D. Esse grupo tende a ser mais sensível a aumentos de tarifas ou juros, o que pode limitar a capacidade das fintechs de repassar os custos aos usuários.
O que o investidor deve observar daqui para frente
Para quem investe em ações de fintechs como Nubank e Inter, o momento exige cautela e atenção aos desdobramentos da proposta fiscal. Ainda que o impacto direto seja incerto, o mercado já está precificando riscos regulatórios maiores para o setor.
Confira os principais pontos que os investidores devem acompanhar:
- Definição final da alíquota: se as fintechs forem enquadradas nos 15% ou 20%, o impacto será bem diferente
- Posicionamento do Congresso: há resistência política à medida, o que pode resultar em alterações ou recuos
- Resiliência das empresas: capacidade de adaptação ao novo cenário regulatório será determinante
- Captação e inadimplência: empresas com baixa dependência de crédito e boa gestão de risco tendem a se sair melhor
Além disso, fintechs com atuação internacional ou forte base tecnológica podem encontrar formas de contornar parte dos impactos, otimizando custos ou reposicionando produtos.
Fintechs continuarão sendo atrativas?
Apesar do cenário de maior tributação, o setor de fintechs continua sendo promissor no longo prazo. A digitalização dos serviços financeiros é uma tendência global, e empresas que oferecem soluções inovadoras, com boa experiência do usuário, ainda têm muito espaço para crescer. No entanto, a nova realidade exige mais rigor na análise de fundamentos e maior atenção aos riscos regulatórios por parte dos investidores.

Perguntas mais buscadas sobre o tema
1. Por que as ações do Nubank e Inter caíram recentemente?
A queda foi motivada pela proposta do governo de aumentar a carga tributária sobre fintechs, elevando incertezas sobre a lucratividade dessas empresas.
2. A nova alíquota já está em vigor?
Não. A proposta ainda está em discussão e pode passar por alterações no Congresso Nacional antes de ser implementada.
3. Nubank e Stone serão afetados pela nova regra?
Especialistas afirmam que essas empresas podem não ser afetadas diretamente, especialmente a Stone, por não estarem totalmente enquadradas nas normas tributárias brasileiras.
4. As fintechs conseguirão repassar o aumento de impostos aos clientes?
É pouco provável, principalmente no caso de empresas como o Nubank, que atuam com públicos mais sensíveis a aumentos de tarifas.
5. Vale a pena manter investimentos em fintechs mesmo com o risco tributário?
Depende do perfil do investidor. Quem busca crescimento no longo prazo pode manter posição, mas deve acompanhar atentamente o cenário regulatório.

Sou Felipe Ayan, um apaixonado pelo mercado financeiro. Desde cedo, me encantei com o poder que o conhecimento financeiro tem de transformar vidas. Ao longo dos anos, mergulhei de cabeça nesse universo, estudando, investindo e compartilhando tudo o que aprendo.