As ações da Petrobras (PETR4) enfrentam um cenário desafiador em 2025, acumulando uma queda de cerca de 15% no ano. Diante desse contexto, dois dos maiores bancos globais — Santander e Bank of America (BofA) — revisaram suas recomendações para os papéis da estatal, sinalizando uma postura mais cautelosa diante de incertezas macroeconômicas e estruturais.
Reavaliação das Ações: de Compra para Neutra
Ambos os bancos retiraram a indicação de compra para as ações da Petrobras, adotando agora uma recomendação neutra. O Bank of America ajustou seu preço-alvo de R$ 42 para R$ 34 na B3, enquanto reduziu o valor dos ADRs de US$ 15,50 para US$ 12,50. Já o Santander trabalha com preço-alvo de R$ 38 para os papéis negociados no Brasil e US$ 13 para os ADRs.
A decisão reflete uma combinação de fatores como:
- Projeções de preços do petróleo em queda: o barril do Brent deve se manter em torno de US$ 65 para 2025 e 2026.
- Riscos regulatórios elevados: principalmente diante da nova postura da Opep+ de aumento de produção.
- Guerra comercial: medidas protecionistas de países como os EUA podem impactar o crescimento econômico global.
Impactos no Fluxo de Caixa e Política de Dividendos
Apesar dos projetos promissores, como as possíveis descobertas na margem Equatorial, os bancos avaliam que os efeitos positivos só devem aparecer a partir de 2026. Até lá, a companhia deve enfrentar pressão sobre seu fluxo de caixa, o que compromete a atratividade dos dividendos para o investidor de curto e médio prazo.
O Santander projeta que a Petrobras pagará aproximadamente US$ 7,3 bilhões em dividendos ordinários em 2025, com dividend yield médio de 10%, valor abaixo do observado em anos anteriores. A alavancagem também é motivo de atenção: a dívida líquida da estatal deve representar 1,6 vez o EBITDA, acima da média do setor, que gira em torno de 1,0 vez.
O BofA estima um dividend yield de 12,2% para 2025 e 12,3% em 2026, com base em preços do barril de petróleo de US$ 67 e US$ 63, respectivamente, e geração de fluxo de caixa livre entre 9,8% e 11,1%.
Expectativas para 2026: Eleições e Novas Reservas
Dois fatores podem mudar esse cenário a partir de 2026:
- Eleições presidenciais — que podem alterar a percepção do mercado sobre a governança da estatal.
- Exploração da margem Equatorial — região promissora que pode aumentar significativamente as reservas da companhia.
Contudo, ambos os bancos reforçam que é necessário aguardar mais clareza sobre o plano de austeridade e a estrutura de capital antes de retomar otimismo com os papéis da Petrobras.
Racionalização e Eficiência: As Medidas em Andamento
A administração da Petrobras está focada em melhorar a eficiência operacional e racionalizar os investimentos (capex) e despesas (opex). Essas ações devem constar com mais detalhes no Plano de Negócios 2026-2030, previsto para o último trimestre de 2025.
Entretanto, os analistas acreditam que os efeitos concretos dessas medidas só serão percebidos a partir do segundo semestre de 2026, o que reforça o viés de espera adotado pelas instituições financeiras.
Conclusão: Cautela no Curto Prazo, Potencial no Longo
Embora a Petrobras ainda mantenha uma posição sólida no setor de energia, o cenário macroeconômico global, somado aos riscos regulatórios e à instabilidade no preço do petróleo, impõe limites ao desempenho imediato de suas ações. A recomendação neutra de Santander e BofA aponta para uma estratégia de prudência, com foco no monitoramento da evolução dos planos de austeridade e da política de dividendos.
Para investidores em busca de renda, os dividendos ainda são interessantes, mas perdem competitividade frente a outras gigantes do setor. Já para quem mira o longo prazo, 2026 pode representar uma virada, caso os vetores políticos e operacionais se alinhem a favor da companhia.
5 perguntas mais buscadas sobre Petrobras e dividendos
1. A Petrobras vai pagar dividendos extraordinários em 2025?
Não. Segundo Santander e BofA, a empresa deve se concentrar apenas nos dividendos ordinários, sem previsão de extras.
2. Vale a pena comprar ações da Petrobras (PETR4) agora?
Os principais bancos recomendam cautela e mantêm uma posição neutra, esperando mais clareza sobre a estratégia da empresa.
3. Qual o dividend yield esperado da Petrobras em 2025?
As projeções indicam um dividend yield entre 10% e 12,3%, com base em diferentes cenários de preço do petróleo.
4. O que pode fazer as ações da Petrobras subirem?
Descobertas na margem Equatorial e o resultado das eleições de 2026 são fatores com potencial de valorização no médio prazo.
5. Qual o impacto da Opep+ sobre a Petrobras?
A decisão da Opep+ de aumentar a produção pressiona os preços do petróleo, o que reduz a lucratividade da Petrobras.
Sou Felipe Ayan, um apaixonado pelo mercado financeiro. Desde cedo, me encantei com o poder que o conhecimento financeiro tem de transformar vidas. Ao longo dos anos, mergulhei de cabeça nesse universo, estudando, investindo e compartilhando tudo o que aprendo.