A Suzano (SUZB3) voltou a ser protagonista no mercado global de papel e celulose ao anunciar um novo aumento no preço da celulose de fibra curta, que agora é negociada a US$ 620 por tonelada na China. Esse é o quarto reajuste consecutivo promovido pela companhia, refletindo uma tentativa de capitalizar sobre um momento específico de escassez de oferta no mercado asiático.
No entanto, o cenário começa a se tornar mais desafiador. Com o retorno iminente da produção de gigantes chinesas como Chenming e Nine Dragons, além do impacto de novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, investidores se perguntam: os preços vão segurar? E o que isso significa para a Suzano?
🧾 Resumo do Contexto Atual
Fator-chave | Situação atual |
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Preço na China | Subiu para US$ 620/tonelada (abril/2025) |
Situação da demanda | Fragilidade no repasse do preço, vendas abaixo do patamar anunciado |
Desconto no mercado | Revenda com até US$ 35/tonelada abaixo do valor de importação |
Oferta futura | Chenming e Nine Dragons devem retomar operações no 2º semestre de 2025 |
Cenário internacional | Trump impõe tarifas à celulose brasileira: 10% sobre exportações aos EUA |
📉 Aumento de Preço em Risco: Oferta Retornando, Demanda Hesitante
A alta para US$ 620/tonelada foi impulsionada por paradas inesperadas nas maiores produtoras chinesas. Contudo, mesmo com essas fábricas ainda fora de operação, o preço efetivo de venda na China continua em torno de US$ 600 — sinal de que os clientes estão resistindo ao novo patamar de preços.
Pior: há relatos de revenda da celulose importada com até US$ 35 de desconto por tonelada, indicando uma pressão baixista que pode forçar a Suzano a rever seus preços nos próximos meses, especialmente se a oferta se normalizar e a demanda continuar moderada.
🇺🇸 Efeito Trump: Tarifas de Importação e seus Desdobramentos
A nova política comercial do presidente Donald Trump adiciona mais uma camada de complexidade ao mercado da celulose:
Novas tarifas sobre importações de celulose:
Origem da celulose | Situação atual com tarifas |
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Canadá | Isento, graças ao USMCA |
Brasil (Suzano) | Tributado em 10% |
União Europeia | Tributado em 20% |
Os EUA importam 69% da celulose que consomem, sendo 32% oriundos do Brasil. No curto prazo, o mercado deve absorver o impacto da tarifa brasileira, mas no médio prazo, a celulose canadense pode ganhar espaço, pressionando ainda mais a competitividade da Suzano nesse destino estratégico.
Vale lembrar que Trump já ameaçou revisar o USMCA, o que pode acabar com a vantagem do Canadá — o que, por outro lado, recolocaria Brasil e Canadá em condições iguais.
🔄 Efeitos Secundários: Mais Celulose no Mercado Interno dos EUA
Outro efeito colateral é o redirecionamento da celulose dos EUA para o próprio mercado interno:
- 44% das exportações americanas vão para a China, que agora taxa esses produtos em 125%
- Isso restringe a saída da celulose americana, gerando sobras no mercado interno
- A fibra longa (americana) ganha competitividade no mercado local, reduzindo o diferencial de preço com a fibra curta (eucalipto, usada pela Suzano)
📈 SUZB3: Oportunidade ou Alerta?
Apesar do ambiente macro complexo, a Suzano (SUZB3) segue sendo um player globalmente dominante e com menor custo de produção do mundo, o que garante resiliência em períodos de baixa no ciclo de commodities.
Curto Prazo:
- Pressão sobre os preços
- Possível revisão dos aumentos
- Risco de menor margem em exportações para EUA e China
Longo Prazo:
- Tendência de substituição da fibra longa pela curta (eucalipto)
- Escassez estrutural deve manter os preços em patamares saudáveis
- Suzano pode ser beneficiada com recomposição da demanda chinesa
📌 Conclusão
O cenário atual para o preço da celulose é desafiador no curto prazo, devido à volatilidade geopolítica, tarifas comerciais e recomposição de oferta no principal mercado consumidor (China). No entanto, a tese de longo prazo permanece sólida para a Suzano, especialmente pelo seu custo competitivo e liderança global no setor de fibra curta.
Recomendação:
Para o investidor que busca exposição à economia global, proteção cambial e potencial de valorização de longo prazo, SUZB3 continua sendo uma boa aposta — desde que esteja preparado para volatilidade no curto prazo.
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Sou Felipe Ayan, um apaixonado pelo mercado financeiro. Desde cedo, me encantei com o poder que o conhecimento financeiro tem de transformar vidas. Ao longo dos anos, mergulhei de cabeça nesse universo, estudando, investindo e compartilhando tudo o que aprendo.