A política migratória dos Estados Unidos sob a administração de Donald Trump sempre foi marcada por medidas rígidas e controversas. Em 2025, o presidente Trump deu mais um passo em sua estratégia ao firmar um acordo com Nayib Bukele, presidente de El Salvador, para deportar imigrantes de outras nacionalidades para o território salvadorenho. O pacto, que utiliza El Salvador como destino para estrangeiros deportados dos EUA, tem gerado intensos debates sobre suas implicações legais, humanitárias e diplomáticas.
Neste artigo, exploraremos os detalhes do acordo, os interesses de ambas as partes, as críticas que ele tem recebido e os possíveis impactos regionais e internacionais dessa política.
O Acordo Entre Trump e Bukele
O acordo entre os Estados Unidos e El Salvador foi anunciado em março de 2025 e prevê que imigrantes de outras nacionalidades, acusados de atividades criminosas ou considerados uma ameaça à segurança pública dos EUA, sejam deportados para El Salvador. Entre esses imigrantes estão venezuelanos, haitianos e outros latino-americanos que supostamente possuem vínculos com gangues como a MS-13 ou o Tren de Aragua.
O governo Trump justificou a medida com base na Alien Enemies Act, uma lei do século XVIII que permite a expulsão de estrangeiros durante períodos de conflito ou ameaça à segurança nacional. Segundo a administração norte-americana, muitos desses imigrantes não poderiam ser enviados diretamente aos seus países de origem devido à ausência de acordos bilaterais ou à falta de condições mínimas nesses países para recebê-los.
El Salvador concordou em receber esses imigrantes em troca de US$ 6 milhões anuais, destinados à manutenção dos detidos em uma prisão de segurança máxima no país – o Centro de Confinamento do Terrorismo (CECOT). Essa prisão, inaugurada pelo governo Bukele em 2023, é conhecida por sua capacidade para mais de 40 mil presos e por suas rígidas condições de segurança.
Os Interesses por Trás do Acordo

Por que Trump optou por esse modelo?
A administração Trump tem buscado maneiras mais econômicas e eficazes de lidar com questões migratórias. Segundo o presidente norte-americano, manter esses imigrantes nos EUA seria extremamente caro devido aos custos judiciais e penitenciários. Além disso, Trump argumenta que muitos desses indivíduos representam um risco à segurança pública e precisam ser removidos rapidamente do território americano.
Ao transferir essas pessoas para El Salvador, Trump reforça sua política protecionista e endurece ainda mais sua postura contra a imigração ilegal. O acordo também fortalece sua relação com Bukele, que tem sido um aliado estratégico na região.
Por que Bukele aceitou?
Para Nayib Bukele, o acordo representa uma oportunidade econômica e política. O financiamento oferecido pelos EUA ajuda a aliviar os custos da operação do CECOT, enquanto o pacto reforça sua imagem como um líder forte no combate ao crime organizado. Além disso, Bukele busca manter boas relações com os EUA para evitar sanções econômicas ou comerciais que poderiam prejudicar a economia salvadorenha.
Outro ponto importante é que o acordo permite a Bukele consolidar seu discurso político interno. Ao aceitar os deportados em sua prisão de segurança máxima, ele reforça sua narrativa de “tolerância zero” contra gangues e criminalidade.
Como Funciona o Processo de Deportação?
O processo começa nos Estados Unidos, onde imigrantes acusados de envolvimento em atividades criminosas são identificados pelas autoridades migratórias. Após uma análise preliminar – muitas vezes sem um julgamento formal –, esses indivíduos são colocados em aviões fretados rumo a El Salvador.
Ao chegarem no país centro-americano, eles são imediatamente transferidos para o CECOT. Essa prisão é conhecida por suas condições rigorosas: celas superlotadas, restrições extremas e monitoramento constante. Muitos dos deportados permanecem detidos sem julgamento formal por períodos prolongados.
Críticas ao Acordo
Embora Trump e Bukele tenham promovido o acordo como uma solução inovadora para questões migratórias e criminais, ele tem enfrentado duras críticas tanto nos Estados Unidos quanto internacionalmente.
1. Violações Legais
Organizações de direitos humanos apontam que muitos dos deportados não tiveram direito a um julgamento justo antes da remoção dos EUA. A Suprema Corte norte-americana já determinou que todos os imigrantes devem ter acesso a audiências judiciais antes da deportação, mas ativistas afirmam que essa decisão não está sendo respeitada.
Além disso, enviar imigrantes para um terceiro país (neste caso, El Salvador) sem seu consentimento pode violar tratados internacionais sobre direitos humanos e proteção ao refugiado.
2. Condições na Prisão Cecot
A prisão Cecot tem sido alvo frequente de críticas por suas condições desumanas. Relatórios indicam que presos enfrentam superlotação extrema, falta de acesso a cuidados médicos básicos e isolamento prolongado. Para muitos críticos, enviar imigrantes para essa instalação é equivalente a condená-los a maus-tratos.
3. Falta de Evidências Contra os Deportados
Outro ponto polêmico é que muitos dos deportados não possuem provas concretas contra eles. Em alguns casos, tatuagens ou roupas associadas a gangues foram usadas como justificativa para acusá-los de envolvimento com atividades criminosas – algo considerado insuficiente por especialistas legais.
4. Impactos Humanitários
As famílias dos deportados frequentemente ficam sem informações sobre seu paradeiro após a transferência para El Salvador. Isso gera angústia emocional e dificulta qualquer tentativa de defesa legal ou repatriação futura.
Impactos Regionais e Internacionais
O acordo entre Trump e Bukele também levanta preocupações sobre seus efeitos na América Latina como um todo:
1. Pressão sobre El Salvador
Embora Bukele tenha promovido o pacto como uma vitória política, especialistas alertam que ele pode sobrecarregar ainda mais o sistema penitenciário salvadorenho. Além disso, há temores de que a presença desses imigrantes possa aumentar tensões sociais no país.
2. Relações Diplomáticas
Outros países da região podem interpretar o acordo como uma tentativa dos EUA de “exportar” seus problemas migratórios para terceiros países. Isso pode gerar tensões diplomáticas entre Washington e seus vizinhos latino-americanos.
3. Precedente Perigoso
Ao estabelecer esse modelo com El Salvador, Trump pode estar criando um precedente perigoso para futuras políticas migratórias globais. Outros países podem adotar práticas semelhantes sem considerar as implicações legais ou humanitárias.
Conclusão
O acordo entre Donald Trump e Nayib Bukele representa uma abordagem ousada – mas controversa – para lidar com questões migratórias nos Estados Unidos. Enquanto ambos os líderes promovem essa parceria como uma solução eficaz contra o crime organizado e a imigração ilegal, as críticas apontam para possíveis violações legais e humanitárias.
Com impactos potenciais tanto regionais quanto internacionais, esse pacto levanta questões importantes sobre os limites da política externa norte-americana e as consequências das alianças estratégicas na América Latina. Resta saber se essa medida será sustentável no longo prazo ou se enfrentará resistência crescente dentro e fora das fronteiras dos dois países envolvidos.

Sou Felipe Ayan, um apaixonado pelo mercado financeiro. Desde cedo, me encantei com o poder que o conhecimento financeiro tem de transformar vidas. Ao longo dos anos, mergulhei de cabeça nesse universo, estudando, investindo e compartilhando tudo o que aprendo.