Trump força América Latina a escolher entre EUA e China

Trump força América Latina a escolher entre EUA e China

A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China está ganhando novos contornos em 2025. Com o retorno de Donald Trump à presidência americana, a América Latina se tornou o novo campo de batalha econômico entre as duas maiores potências do mundo. O resultado: países como México, Argentina e Brasil estão sendo pressionados a tomar uma decisão que pode definir o futuro de suas economias — ficar com Washington ou manter os laços com Pequim.

Trump endurece o jogo na região

Na última semana, Trump enviou o secretário de Defesa ao Panamá, em uma clara tentativa de reafirmar o domínio dos EUA sobre o canal interoceânico. Ele também recebeu o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, na Casa Branca, enquanto seu secretário do Tesouro visitava Buenos Aires para pressionar a Argentina a encerrar sua dependência do financiamento chinês.

Washington teme que a América Latina siga o mesmo caminho da África, onde a China investiu pesadamente em troca de influência geopolítica e acesso a recursos naturais. Segundo o governo americano, esses acordos com Pequim são “predatórios” e colocam em risco o futuro econômico dos países envolvidos.

China responde com diplomacia e comércio

A China, por sua vez, adota uma estratégia mais sutil. Enquanto os EUA impõem restrições e ameaças, Pequim reforça sua presença com investimentos em infraestrutura, aumento das importações (como a soja brasileira) e ações diplomáticas amigáveis. Em 2024, o comércio entre Brasil e China ultrapassou US$ 178 bilhões — quase o dobro do volume comercial com os EUA.

Além disso, a China tem evitado o confronto direto, buscando preservar suas relações com governos de diferentes espectros ideológicos. Mesmo o presidente argentino Javier Milei, inicialmente crítico de Pequim, já moderou o tom, chamando a China de “grande parceiro comercial” e prometendo aprofundar os laços bilaterais.

Pressão crescente e escolhas difíceis

O grande dilema para os países latino-americanos é que não dá mais para ficar em cima do muro. Os EUA já deixaram claro que relações próximas com a China podem resultar em represálias econômicas, como tarifas secundárias ou cortes em ajuda externa. No entanto, romper com a China significaria perder investimentos, mercados de exportação e linhas de crédito vitais.

O México, a América Central e países como a Colômbia estão mais integrados à economia americana e devem seguir alinhados a Washington. Já as maiores economias sul-americanas, como Brasil e Argentina, enfrentam um cenário mais complexo: dependem dos dois lados e buscam equilibrar os pratos sem perder acesso a nenhum deles.

Risco de fragmentação regional

Especialistas alertam que a ofensiva de Trump pode gerar uma divisão geoeconômica no continente. Países mais próximos dos EUA devem adotar uma postura mais alinhada a Washington, enquanto os do sul tentarão manter relações comerciais fortes com a China. Essa fragmentação pode comprometer iniciativas de integração regional e aumentar a volatilidade política e econômica.

Para a América Latina, o desafio agora é preservar a autonomia estratégica em um mundo cada vez mais polarizado. E isso exigirá diplomacia, pragmatismo e, principalmente, visão de longo prazo.

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