Trump impõe nova regra a chips da Nvidia, ações caem 7% e derrubam Nasdaq

Trump impõe nova regra a chips da Nvidia, ações caem 7% e derrubam Nasdaq

As ações da Nvidia encerraram esta quarta-feira (16) com uma queda expressiva de 6,87%, após o governo dos Estados Unidos anunciar novas restrições à exportação de chips de inteligência artificial para a China. A notícia teve um forte impacto no setor de tecnologia, arrastando empresas como AMD e ASML, e provocando uma queda de 3,07% no índice Nasdaq, que fechou aos 16.307,16 pontos.

A medida, imposta pela gestão de Donald Trump, exige que empresas norte-americanas obtenham licenças especiais para exportar determinados modelos de chips, como o H20, desenvolvido pela Nvidia justamente para atender aos limites técnicos definidos por regulações anteriores do governo Biden.

Segundo a própria Nvidia, essa mudança pode provocar um impacto estimado de US$ 5,5 bilhões no resultado do trimestre fiscal encerrado em 27 de abril, devido à devolução de pedidos, estoques acumulados e compromissos comerciais desfeitos.


O que muda com a nova regra

O Departamento de Comércio dos EUA confirmou a nova exigência em nota enviada ao Financial Times, estendendo as restrições também a modelos da AMD, como o MI308, e seus equivalentes. A Nvidia informou que foi notificada sobre a mudança em 9 de abril, mas o impacto real começou a ser sentido com a confirmação pública da nova regra, válida por tempo indeterminado.

O chip H20 foi uma tentativa da Nvidia de manter acesso ao mercado chinês, respeitando os limites impostos por reguladores norte-americanos. No entanto, com a nova exigência de licença, a empresa será obrigada a suspender vendas diretas para diversos clientes na China — o que abala fortemente suas projeções para o ano.


Reação do mercado

O anúncio pegou o setor de surpresa. Além da Nvidia, as ações da AMD caíram 7,35%, enquanto a holandesa ASML, fornecedora crítica de equipamentos para fabricação de semicondutores, recuou 7,06% após divulgar números fracos de pedidos.

O impacto também foi sentido no mercado asiático. Grandes compradoras chinesas de chips de IA, como Alibaba, Tencent e Baidu, registraram perdas entre 2% e 4% na bolsa de Hong Kong. Isso reflete o receio de interrupções na cadeia de suprimentos, em um momento em que empresas chinesas vêm acelerando investimentos em IA, especialmente com soluções mais acessíveis desenvolvidas por startups como a DeepSeek.


Tensão comercial e cenário geopolítico

A nova restrição se insere num contexto de crescente tensão na disputa tecnológica entre Estados Unidos e China. A administração Trump tem reforçado os controles de exportação em setores estratégicos, especialmente na área de inteligência artificial, com o objetivo de limitar o avanço tecnológico do governo chinês.

O governo norte-americano argumenta que chips avançados, como os produzidos pela Nvidia, podem ser usados para fins militares e de vigilância — e, portanto, representam uma questão de segurança nacional. Em resposta, a Casa Branca declarou nesta semana que “a bola está com Pequim”, pressionando por um novo acordo comercial.

Enquanto isso, empresas americanas como a Nvidia tentam equilibrar sua posição: respeitar as exigências do governo dos EUA sem perder acesso a um mercado gigantesco como o chinês, que pode representar até US$ 17 bilhões em receita para a empresa no ano fiscal atual — US$ 12 bilhões apenas com o chip H20, segundo estimativas de analistas.


Conclusão

A decisão do governo Trump de exigir licença para exportação de chips de IA marca um novo capítulo da guerra tecnológica entre EUA e China, com impactos imediatos no mercado global. A forte queda nas ações da Nvidia e de outras empresas do setor mostra como essa disputa ultrapassa os limites da política externa e influencia diretamente o comportamento de investidores e os rumos da inovação.

Nos próximos dias, o mercado deve continuar atento aos desdobramentos da medida e possíveis reações da China. O que está em jogo é mais do que um chip: é o futuro da liderança tecnológica global.

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