O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou neste domingo (6 de julho de 2025) uma nova política tarifária que promete acirrar ainda mais as tensões comerciais globais. Em publicação feita na Truth Social, Trump declarou que qualquer país que “se alinhar às políticas antiamericanas do Brics” será automaticamente submetido a uma tarifa adicional de 10% em suas exportações para os EUA. Segundo ele, “não haverá exceções” à nova diretriz.
A medida vem logo após a divulgação da “Declaração do Rio de Janeiro” pelo Brics, bloco atualmente composto por 11 nações do chamado Sul Global. O documento defende o fortalecimento do multilateralismo e critica ações unilaterais no comércio internacional, em referência indireta às práticas dos Estados Unidos. Embora Trump não tenha citado especificamente quais políticas ou países serão afetados, a movimentação já gerou reações diplomáticas e econômicas ao redor do mundo.
O que é o Brics e por que está no centro da nova tensão
Formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e outros países em desenvolvimento, o Brics atua como um fórum de cooperação política, econômica e diplomática. O grupo tem buscado alternativas à hegemonia ocidental, propondo um sistema financeiro mais justo e multilateral. Em 2025, o Brasil assumiu a presidência rotativa do bloco, reforçando seu protagonismo no cenário internacional.
A “Declaração do Rio de Janeiro” publicada neste domingo inclui temas como:
- Rejeição a medidas comerciais unilaterais
- Fortalecimento da ONU e das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)
- Apoio a soluções diplomáticas em conflitos globais, incluindo Oriente Médio e Europa Oriental
Essas pautas vão de encontro à abordagem isolacionista de Trump, que já durante seu primeiro mandato havia se afastado de acordos multilaterais como o Acordo de Paris e o TPP.
Quais países podem ser afetados pela tarifa extra de Trump?
A nova tarifa de 10% anunciada por Trump não nomeia diretamente os países que serão atingidos. No entanto, o foco está em nações que manifestarem apoio explícito às diretrizes políticas do Brics, especialmente aquelas que desafiem a liderança econômica e geopolítica dos Estados Unidos.
Entre os possíveis alvos estão:
- Membros oficiais do Brics: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Argentina
- Parceiros estratégicos do Brics em acordos comerciais ou políticos
- Países que defendam abertamente o multilateralismo em detrimento do modelo americano
O impacto pode se estender também a empresas multinacionais com sede nesses países, afetando cadeias de suprimento e custos de importação nos EUA.
Como os países do Brics reagiram à ameaça de Trump
A reação internacional foi rápida. A China declarou que “o uso de tarifas como forma de coerção econômica é contraproducente e prejudica o comércio global”. Já a Rússia classificou a medida como “retórica inflamatória” e reiterou que o Brics “não tem intenção de agir contra terceiros”.
A África do Sul reforçou que o objetivo do grupo é promover um sistema multilateral reformado e mais representativo da realidade atual. Segundo Chrispin Phiri, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores sul-africano, o Brics visa “uma ordem global mais justa e equilibrada, sem rivalidades geopolíticas”.
Impactos no comércio internacional e no Brasil
A decisão de Trump deve gerar forte instabilidade nos mercados. Para o Brasil, que atualmente preside o Brics, a medida pode representar um desafio diplomático e comercial. Exportações brasileiras de setores como agronegócio, siderurgia e tecnologia podem ser diretamente atingidas caso sejam interpretadas como favorecidas por políticas pró-Brics.
Além disso, a sinalização de retaliações unilaterais por parte dos EUA pode acelerar iniciativas alternativas de comércio, como o uso de moedas locais entre os países do Brics e o fortalecimento de bancos multilaterais próprios, como o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB).
Empresas brasileiras que exportam para os Estados Unidos já demonstram preocupação. Um possível aumento nas tarifas pode elevar o custo dos produtos brasileiros, reduzir sua competitividade e prejudicar setores estratégicos da economia nacional.
O que esperar a partir de agora
O anúncio ocorre em meio à pré-campanha presidencial norte-americana, onde Trump busca reforçar sua imagem de líder firme em defesa dos interesses dos EUA. No entanto, especialistas alertam que a escalada de tarifas pode prejudicar o próprio consumidor americano, ao aumentar os preços de produtos importados.
A previsão é de que as cartas de notificação tarifária comecem a ser entregues já nesta segunda-feira (7), a partir do meio-dia em Washington (13h, horário de Brasília). A comunidade internacional aguarda os próximos passos, enquanto países e empresas avaliam os riscos e alternativas frente à nova onda de protecionismo americano.

Perguntas frequentes sobre a tarifa de Trump contra países aliados ao Brics
1. O que motivou Trump a impor uma tarifa extra aos países do Brics?
A decisão está ligada à recente declaração conjunta do Brics, que defende o multilateralismo e critica medidas unilaterais no comércio internacional — algo visto por Trump como “política antiamericana”.
2. Quais países podem ser afetados por essa tarifa de 10%?
Os 11 países membros do Brics são os principais alvos, incluindo Brasil, China, Rússia e Índia. Outros países que adotarem políticas semelhantes ou apoiarem formalmente o bloco também podem ser taxados.
3. Como isso afeta o Brasil diretamente?
O Brasil, que atualmente preside o Brics, pode ter setores da economia impactados, como o agronegócio e a exportação de commodities. Empresas exportadoras podem enfrentar aumento de custos e perda de competitividade.
4. A medida já está em vigor?
Trump afirmou que as notificações formais começarão a ser enviadas a partir do dia 7 de julho de 2025, o que indica a rápida implementação da tarifa.
5. Qual é a reação dos países do Brics a essa medida?
China, Rússia e África do Sul já se posicionaram contra, afirmando que o Brics busca cooperação e não confronto. O bloco defende uma nova ordem mundial mais equitativa e multilateral.

Sou Felipe Ayan, um apaixonado pelo mercado financeiro. Desde cedo, me encantei com o poder que o conhecimento financeiro tem de transformar vidas. Ao longo dos anos, mergulhei de cabeça nesse universo, estudando, investindo e compartilhando tudo o que aprendo.