Queda acentuada no IGP-M em junho surpreende o mercado com recuo nos preços das matérias-primas

Queda acentuada no IGP-M em junho surpreende o mercado com recuo nos preços das matérias-primas

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), amplamente utilizado para reajustes de aluguéis e contratos diversos no Brasil, apresentou uma queda mais expressiva do que o esperado em junho de 2025. Segundo dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o índice recuou 1,67% no mês, após já ter registrado queda de 0,49% em maio. Analistas consultados pela Reuters previam um recuo de 1,02%, o que evidencia uma desaceleração mais intensa, impulsionada principalmente pela queda nos preços das matérias-primas brutas.

Apesar da retração mensal, o IGP-M acumula alta de 4,39% nos últimos 12 meses. O principal responsável por essa queda foi o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60% da composição do IGP-M. O IPA registrou uma baixa de 2,53% em junho, ampliando o recuo de 0,82% registrado no mês anterior.

IPA recua com força e impacta preços no atacado

O IPA é um dos três componentes do IGP-M e mede a variação de preços no atacado. Em junho, o destaque negativo ficou por conta das matérias-primas brutas, cuja taxa de variação recuou 4,68%, após uma queda de 2,06% em maio. O economista Matheus Dias, do FGV IBRE, explicou que essa redução foi impulsionada pelo avanço das safras agrícolas, o que gerou maior oferta e contribuiu para a queda nos preços.

Entre os produtos que mais influenciaram a queda do IPA estão:

  • Milho em grão: -16,93% (maio: -9,79%)
  • Café em grão: -11,01% (maio: +1,18%)
  • Farelo de soja: -9,75% (maio: +3,25%)
  • Minério de ferro: -4,96% (maio: -2,30%)

Esses dados refletem o impacto direto das oscilações do agronegócio e da mineração nos preços praticados no setor atacadista, influenciando também os custos de produção em diversas cadeias industriais.

IPC desacelera com redução nos preços de alimentos

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), responsável por 30% da composição do IGP-M, também mostrou desaceleração, com alta de apenas 0,22% em junho, ante 0,37% em maio. O movimento foi motivado principalmente pela queda de preços dos alimentos in natura, refletindo o repasse da redução de custos do atacado para o varejo.

Itens com forte impacto no IPC em junho:

  • Tomate: -7,20% (maio: -4,78%)
  • Ovos: -7,60% (maio: -3,18%)
  • Mamão papaia: -11,28% (maio: +3,06%)

Essa tendência de queda no varejo é um indicativo de alívio temporário para o consumidor, especialmente no segmento de alimentação, um dos que mais pesa no orçamento das famílias.

INCC acelera em junho puxado por custos na construção civil

O terceiro componente do IGP-M, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), apresentou alta de 0,96% em junho, superior ao avanço de 0,26% registrado em maio. A elevação reflete o aumento de preços de insumos da construção civil, como materiais e mão de obra, e reforça a pressão sobre o setor, que já vinha demonstrando sinais de encarecimento em 2025.

O INCC é um dos principais indicadores para reajustes em contratos de obras e financiamentos habitacionais. A variação nos custos da construção pode afetar diretamente o preço de imóveis novos, além de impactar obras públicas e privadas em andamento.

Como o IGP-M é calculado e qual seu impacto

O IGP-M é um índice composto por três subindicadores:

  • IPA (60%): preços no atacado
  • IPC (30%): preços ao consumidor
  • INCC (10%): custos da construção

O cálculo do índice considera os preços apurados entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência. Essa metodologia permite capturar variações relevantes em curto prazo, tornando o IGP-M uma referência confiável para contratos indexados à inflação.

No atual cenário, a queda do índice pode gerar alívio para contratos atrelados ao IGP-M, como aluguéis, mensalidades escolares e planos de saúde, que poderão ser reajustados com base em um indicador em retração, ao menos temporariamente.

Queda acentuada no IGP-M em junho surpreende o mercado com recuo nos preços das matérias-primas
Queda acentuada no IGP-M em junho surpreende o mercado com recuo nos preços das matérias-primas

Expectativas para os próximos meses

A tendência de queda nos preços das matérias-primas, aliada à estabilidade no varejo, pode manter o IGP-M em níveis controlados nos próximos meses. No entanto, o avanço do INCC acende um sinal de alerta, principalmente para o setor da construção civil.

Analistas seguem monitorando os movimentos das safras, o comportamento do dólar e os preços das commodities internacionais, fatores que podem influenciar diretamente o comportamento do índice.


Perguntas mais pesquisadas sobre o IGP-M de junho de 2025

1. Por que o IGP-M caiu tanto em junho de 2025?
A queda foi impulsionada pela redução nos preços das matérias-primas brutas, como milho, café e minério de ferro.

2. O que é o IPA e qual seu peso no IGP-M?
O IPA é o Índice de Preços ao Produtor Amplo, que representa 60% do IGP-M e mede os preços no atacado.

3. Como a queda do IGP-M afeta os contratos de aluguel?
Contratos com reajuste atrelado ao IGP-M podem ter redução ou reajuste menor nos valores mensais.

4. O que causou a desaceleração do IPC em junho?
Principalmente a queda nos preços de alimentos in natura como tomate, ovos e mamão.

5. Qual foi o desempenho do INCC em junho de 2025?
O INCC subiu 0,96%, refletindo aumento nos custos de construção, acima da alta de 0,26% registrada em maio.

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